MUNDO DOENTE

setembro 1, 2024

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Trabalho em uma escola localizada na periferia da cidade, onde enfrentamos muitas situações inusitadas e que exigem da equipe, muita paciência e sabedoria para solucioná-las.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

Trabalho em uma escola localizada na periferia da cidade, onde enfrentamos muitas situações inusitadas e que exigem da equipe, muita paciência e sabedoria para solucioná-las. A maior parte dos problemas que enfrentamos, está relacionada com as brincadeiras improdutivas dos alunos e a agressividade que empregam nestas brincadeiras. A equipe pedagógica procura alternativas para contornar as situações, mas algumas delas chamam bastante a atenção de todos.

Há alguns meses, um grupo de crianças de 7 e 8 anos brincavam na quadra de esportes, quando um deles pegou a bola e jogou de forma proposital, no rosto do outro, machucando o colega.

A confusão foi para na sala da coordenadora, que ouviu as partes para dar uma solução justa à situação. Então, perguntou-se ao garoto por qual razão ela havia jogado a bola no rosto do outro. Para surpresa geral, o menino de apenas 8 anos, respondeu: “Fiz porque quis, não me arrependo e faço novamente”.

Todos os adultos presentes na ocasião ficaram surpresos com a atitude da criança e ficou decidido que os pais dele seriam chamados à escola para uma conversa. A mãe atendeu ao chamado e se revelou muito surpresa com a atitude do filho, o qual, segundo ela, tem um comportamento completamente diferente em casa. O menino, nas palavras da mãe, é responsável, estudioso seguindo uma rotina de brincadeiras e estudos sem grandes problemas. Para a escola, contudo, o menino descrito pela mãe, em nada se parece com aquele que agrediu o coleguinha.

A situação nos deixou uma reflexão: o mundo está doente e esta doença afeta até as crianças. Se elas não estão preocupadas em machucar um coleguinha, qual será sua atitude quando se tornar adulto?

Por outro lado, é importante pensar que os adultos não estão repassando bons exemplos para estas crianças. Os pais não têm tempo para dar atenção aos filhos, que são deixados horas intermináveis à frente das telas dos computadores e celulares, sem a fiscalização de um adulto.

Para onde nós voltamos os olhos, a violência está presente. Os jogos eletrônicos são verdadeiras carnificinas, assim como os filmes – sejam na Internet ou na Televisão – o gênero que mais chama a atenção é aquele que envolve violência.

A pergunta que fica é: a vida imita a arte ou arte imita a vida? Isto porque, na vida real a situação não é diferente. Por uma simples discordância de opinião, uma pessoa é capaz de tirar a vida da outra. Uma briga de trânsito pode acabar com alguém morto e estendido no asfalto.

Parece não existir mais empatia ente as pessoas, ou seja, ninguém mais possui a habilidade de se colocar no lugar do outro, imaginar e compreender suas dores. Chega-se ao ponto de ver alguém desmaiado na rua e não ter coragem para ajudar. Aliás, compadecer-se de alguém, para muitos, “é coisa de otário”.

O mundo adoecido, parece ter esquecido de Deus e um dos mandamentos da sua Lei: Amar o próximo como si mesmo. Ao deixar este mandamento Deus espera que nós tratemos nossos semelhantes com o mesmo cuidado, respeito e compaixão que temos conosco. Obedecer a este mandamento, significa dizer a Deus que o amamos, respeitamos, e que podemos, através de nossas boas ações, transformar o mundo dando um testemunho de amor e fé. Mas, diante de tantas atrocidades praticadas neste mundo doente, até parece que as pessoas estão se esquecendo também de Deus.

Uma resposta para “MUNDO DOENTE”

  1. Carlim disse:

    Tantos desvios “permitidos” na criação, parecem ter influência na personalidade da criança. A questão pobreza pode ser levada em conta, mas verdadeiramente não, porque mesmo nesse meio temos exemplos de família onde o respeito à autoridade ápaterna é preservada, as criança se mantém num caminhar gratificante para bem-estar ÿno convívio social. Mas sabemos que o desamor, o ódio, é uma realidade vivenciada que requer um aprofundamento muito grande. Boa abordagem…