MUNDO DOENTE
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Trabalho em uma escola localizada na periferia da cidade, onde enfrentamos muitas situações inusitadas e que exigem da equipe, muita paciência e sabedoria para solucioná-las.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Trabalho em uma escola localizada na periferia da cidade, onde enfrentamos muitas situações inusitadas e que exigem da equipe, muita paciência e sabedoria para solucioná-las. A maior parte dos problemas que enfrentamos, está relacionada com as brincadeiras improdutivas dos alunos e a agressividade que empregam nestas brincadeiras. A equipe pedagógica procura alternativas para contornar as situações, mas algumas delas chamam bastante a atenção de todos.
Há alguns meses, um grupo de crianças de 7 e 8 anos brincavam na quadra de esportes, quando um deles pegou a bola e jogou de forma proposital, no rosto do outro, machucando o colega.
A confusão foi para na sala da coordenadora, que ouviu as partes para dar uma solução justa à situação. Então, perguntou-se ao garoto por qual razão ela havia jogado a bola no rosto do outro. Para surpresa geral, o menino de apenas 8 anos, respondeu: “Fiz porque quis, não me arrependo e faço novamente”.
Todos os adultos presentes na ocasião ficaram surpresos com a atitude da criança e ficou decidido que os pais dele seriam chamados à escola para uma conversa. A mãe atendeu ao chamado e se revelou muito surpresa com a atitude do filho, o qual, segundo ela, tem um comportamento completamente diferente em casa. O menino, nas palavras da mãe, é responsável, estudioso seguindo uma rotina de brincadeiras e estudos sem grandes problemas. Para a escola, contudo, o menino descrito pela mãe, em nada se parece com aquele que agrediu o coleguinha.
A situação nos deixou uma reflexão: o mundo está doente e esta doença afeta até as crianças. Se elas não estão preocupadas em machucar um coleguinha, qual será sua atitude quando se tornar adulto?
Por outro lado, é importante pensar que os adultos não estão repassando bons exemplos para estas crianças. Os pais não têm tempo para dar atenção aos filhos, que são deixados horas intermináveis à frente das telas dos computadores e celulares, sem a fiscalização de um adulto.
Para onde nós voltamos os olhos, a violência está presente. Os jogos eletrônicos são verdadeiras carnificinas, assim como os filmes – sejam na Internet ou na Televisão – o gênero que mais chama a atenção é aquele que envolve violência.
A pergunta que fica é: a vida imita a arte ou arte imita a vida? Isto porque, na vida real a situação não é diferente. Por uma simples discordância de opinião, uma pessoa é capaz de tirar a vida da outra. Uma briga de trânsito pode acabar com alguém morto e estendido no asfalto.
Parece não existir mais empatia ente as pessoas, ou seja, ninguém mais possui a habilidade de se colocar no lugar do outro, imaginar e compreender suas dores. Chega-se ao ponto de ver alguém desmaiado na rua e não ter coragem para ajudar. Aliás, compadecer-se de alguém, para muitos, “é coisa de otário”.
O mundo adoecido, parece ter esquecido de Deus e um dos mandamentos da sua Lei: Amar o próximo como si mesmo. Ao deixar este mandamento Deus espera que nós tratemos nossos semelhantes com o mesmo cuidado, respeito e compaixão que temos conosco. Obedecer a este mandamento, significa dizer a Deus que o amamos, respeitamos, e que podemos, através de nossas boas ações, transformar o mundo dando um testemunho de amor e fé. Mas, diante de tantas atrocidades praticadas neste mundo doente, até parece que as pessoas estão se esquecendo também de Deus.
Tantos desvios “permitidos” na criação, parecem ter influência na personalidade da criança. A questão pobreza pode ser levada em conta, mas verdadeiramente não, porque mesmo nesse meio temos exemplos de família onde o respeito à autoridade ápaterna é preservada, as criança se mantém num caminhar gratificante para bem-estar ÿno convívio social. Mas sabemos que o desamor, o ódio, é uma realidade vivenciada que requer um aprofundamento muito grande. Boa abordagem…