Xixi em pé ou sentado? Pode escolher?
Cefas Carvalho- Jornalista e Escritor Homens devem fazer xixi em pé ou sentados no assento da privada? Essa pergunta esteve pelo menos em três matérias em portais, digamos, sérios, com opiniões de especialistas etc e tal.

Cefas Carvalho- Jornalista e Escritor
Homens devem fazer xixi em pé ou sentados no assento da privada? Essa pergunta esteve pelo menos em três matérias em portais, digamos, sérios, com opiniões de especialistas etc e tal. Em outra, digamos, reportagem, a pergunta era: se o casal deveria transar ou não no primeiro encontro?
Não consigo ver sentido nesse tipo de jornalismo nem de conceito. Por que deveria existir uma "maneira correta" de urinar? Por que não podem existir os homens que preferem fazê-lo de pé, forma mais ortodoxa, ou sentados, maneira mais moderna e higiênica. Da mesma forma, por que cada casal não pode decidir de acordo com sua formação, dinâmica, tesão, vontade, necessidade, química emocional, se vai para a cama no primeiro encontro, no segundo, no décimo ou se demora um ano para ir para "os finalmentes"?
Acho esquisita é preocupante essa tendência do jornalismo e da própria sociedade de colocar para a opinião pública, para o senso comum e para o coletivo, que existe uma única maneira certa de fazer isso ou aquilo. Talvez uma vertente light de um conservadorismo que se instalou em parte da sociedade. Não aceitar que as pessoas possam fazer a coisa da maneira delas e não de uma maneira pré-determinada e que existe uma verdade absoluta e não diversas complexidades, faz parte da cultura da extrema direita, inclusive.
O fato é que jornalismo e publicidade em tempos de redes sociais parecem ser impositivos. Sempre deparo com manchetes como: "10 filmes que você tem que ver esse ano", ou "3 restaurantes que você deve ir". Por que diabos tenho de ver esse ou aquele filme? E se eu não gostar do gênero, do diretor ou simplesmente tiver desenvolvido uma cisma? Por que razão sou obrigado a ir em tal restaurante, por ser "da moda" ou "instagramável"?

Entenda-se que não estou comprando a balela da tal "liberdade de expressão" arrotada pela extrema direita. Crimes, como racismo, homofobia, misoginia, são crimes e ponto final. Opinião que professe discurso de ódio deve ser punida, simples assim. Aqui se fala da liberdade de não se submeter a uma suposta maneira correta de fazer as coisas. Não existe uma "maneira certa" de abrir uma lata de sardinha, de beber suco com canudinho ou de arrumar uma mala para viagem. Como cantava Raul Seixas, faz o que tu queres pois é tudo da lei. Desde que esteja dentro da lei, claro.

E que fiquemos todos alertas para não cair nessa armadilha da maneira única de agir, com tantas "reportagens", perfis de Instagram, tutoriais de youtube, tik toks, influencers quase onipresentes nas suas frases feitas e soluções perfeitas para qualquer coisa nessa vida, de ficar milionário a fatiar um abacaxi,
Em tempo e antes que alguém me pergunte publicamente ou no privado: faço xixi ano em pé como sentado, depende do dia, da hora, da vontade. Também não precisamos fazer a mesma coisa da mesma maneira o tempo todo. Como escreveu Caetano, tudo é muito mais.
Mininoooooo! Ome num fai xixi, ome que é ome.mija e de pé. Viu!?.
Kkkkkkk