Júnior Rebouças - Escritor e Poeta

Criança gorda
Feio fui, na adolescência
Com aparência de maluco, Doutor
A primeira namorada, só aconteceu através de uma docência
E eu, Doutor, só depois que me livrei dos óculos de grau
Então, me tornei de melhor aparência

Fui pra rua, simpático, leve, solto... Doutor
Pra todos, inteligente, estudioso, continuei referência
Depois Doutor, mergulhei na devassidão, bobo estive e naveguei...
Quase me asfixiei, respirei na irresponsabilidade e displicência

Aprendi muito com a vida...
Pelas ações desarrazoadas
E entre lutas e decepções
Veio o sofrimento... que me ensinou resiliência Doutor

E, estranhamente, compartilhei degredo com todas as suas consequências
Foi quando, precocemente, chegou o tempo... virei velho em essência, Doutor
E entre leituras, rabiscos, livros, tremores, cervejas, letras, noitadas e amores…
Ainda sobrou espaço pra carência… e uma nova chance Doutor…