Ô saudade da gota (IX)
Rosemilton Silva é jornalista e escrito; Natural de Santa Cruz/RN Minino, pense num corre corre da gota.

Rosemilton Silva é jornalista e escrito; Natural de Santa Cruz/RN
Minino, pense num corre corre da gota. E vem uma daquelas lembranças do período de provas de final de ano com todo mundo fazendo promessa – que nunca serão cumpridas – principalmente quem está precisando de nota acima da média que 7,5 sem choro nem vela.

de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz/RN
E haja subida ao Alto do Cruzeiro, aula particular e, claro, preparação da cola. Ah, a cola! Tem pra todo gosto. E o rigor dos professores? Tem uma que garante que in-di-ví-du-o nenhum cola com ela. O mais esperto colador da classe é o filho dela! Ironia do destino para alguns e castigo pra outros pelo rigor. Mas não se pode negar a grande professora que ela é como as demais que conhecemos.

A novidade “colística” – vôtis, ixiste essa palavra? - do momento é uma espécie de micro papiro, dobrado como se fossem aqueles livros antigos que podem ser visto em bibliotecas como a de Alexandria, no Egito ou até mesmo no Vaticano. A dita e bendita cola, abençoada pelos deuses mais profanos dos não estudiosos, cabe entre os dedos, e dificílima de ser descoberta pela mais experiente e brava professora. Basta rolar entre os dedos e as respostas dos pontos marcados para a prova vão aparecendo como que por milagre.

Apois dá uma saudade cachorra da mulesta ao rever as coisas “erradas” que fizemos naqueles tempos de sabedoria e aprendizado. De se reunir na casa do colega para estudar sob o carinho excessivo dos pais que nos acolhem. Um refresco, um pãozinho na manteiga ou com queijo, um cafezinho, um puxa puxa, um quebra queixo, um bolinho e muita, mas muita ajuda dos santos da dona da casa que, na maioria das vezes, nos dá um “adjutóro” em Matemática, Ciência, Português, Geografia, História... Sim, tudo isso. E por que? Porque as professoras são todas versadas nessas matérias. Cada ano é uma professora que sabe tudo na ponta da língua, de cor e salteado.
Diga se não dá uma saudade desse tempo? Aí que saudade da praça, das conversas nos cantos de parede, dos “soirées” no clube, na casa dos amigos. O tempo é de estudo profundo, coisa que era para aprendido em um ano a gente tem que decorar em poucos e curtíssimos dias, horas diminutas parecendo minutos e a prova chegando. Tem a prova escrita e a oral. Não tem refresco. O cabra não escapa porque a moda agora é sortear o ponto na hora para a prova oral. E a professora não perdoa, pode até ajudar, mas não um socorro preciso, daqueles de fazer inveja a qualquer cabra que não saiba nada. Ninguém espera vida fácil. É o mesmo que subir o Alto do Cruzeiro de joelho, escalando pedras e escapando dos buracos.
Dá saudade até de ter que repetir o ano só pra ficar naquelas carteiras duplas com um buraco no meio que a gente nem sabe pra que é, mas garantem os mais entendidos que é apenas para que se saiba qual o espaço de um e do outro, embora nem precise porque respeito é uma coisa que aprendemos desde cedo e em casa. E quem não passar, vai repetir o ano mesmo já que não tem essa tal de segunda época no primário. Ou passa ou não vai para a série seguinte.

Apois me de-me uma licencinha – não estranhe o me de-me porque é pedir duas vezes – que vou ali buscar o Exame de Admissão pra estudar porque nem sei quantos pontos estou precisando para chegar ao ginásio.

