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dezembro 13, 2020

Ô saudade da gota (IX)

Rosemilton Silva é jornalista e escrito; Natural de Santa Cruz/RN Minino, pense num corre corre da gota.

Rosemilton Silva é jornalista e escrito; Natural de Santa Cruz/RN

Minino, pense num corre corre da gota. E vem uma daquelas lembranças do período de provas de final de ano com todo mundo fazendo promessa – que nunca serão cumpridas – principalmente quem está precisando de nota acima da média que 7,5 sem choro nem vela.

Alto do Cruzeiro, antes da construção da imagem
de Santa Rita de Cássia, em Santa Cruz/RN

E haja subida ao Alto do Cruzeiro, aula particular e, claro, preparação da cola. Ah, a cola! Tem pra todo gosto. E o rigor dos professores? Tem uma que garante que in-di-ví-du-o nenhum cola com ela. O mais esperto colador da classe é o filho dela! Ironia do destino para alguns e castigo pra outros pelo rigor. Mas não se pode negar a grande professora que ela é como as demais que conhecemos.

A novidade “colística” – vôtis, ixiste essa palavra? - do momento é uma espécie de micro papiro, dobrado como se fossem aqueles livros antigos que podem ser visto em bibliotecas como a de Alexandria, no Egito ou até mesmo no Vaticano. A dita e bendita cola, abençoada pelos deuses mais profanos dos não estudiosos, cabe entre os dedos, e dificílima de ser descoberta pela mais experiente e brava professora. Basta rolar entre os dedos e as respostas dos pontos marcados para a prova vão aparecendo como que por milagre.

Apois dá uma saudade cachorra da mulesta ao rever as coisas “erradas” que fizemos naqueles tempos de sabedoria e aprendizado. De se reunir na casa do colega para estudar sob o carinho excessivo dos pais que nos acolhem. Um refresco, um pãozinho na manteiga ou com queijo, um cafezinho, um puxa puxa, um quebra queixo, um bolinho e muita, mas muita ajuda dos santos da dona da casa que, na maioria das vezes, nos dá um “adjutóro” em Matemática, Ciência, Português, Geografia, História... Sim, tudo isso. E por que? Porque as professoras são todas versadas nessas matérias. Cada ano é uma professora que sabe tudo na ponta da língua, de cor e salteado.

Diga se não dá uma saudade desse tempo? Aí que saudade da praça, das conversas nos cantos de parede, dos “soirées” no clube, na casa dos amigos. O tempo é de estudo profundo, coisa que era para aprendido em um ano a gente tem que decorar em poucos e curtíssimos dias, horas diminutas parecendo minutos e a prova chegando. Tem a prova escrita e a oral. Não tem refresco. O cabra não escapa porque a moda agora é sortear o ponto na hora para a prova oral. E a professora não perdoa, pode até ajudar, mas não um socorro preciso, daqueles de fazer inveja a qualquer cabra que não saiba nada. Ninguém espera vida fácil. É o mesmo que subir o Alto do Cruzeiro de joelho, escalando pedras e escapando dos buracos.

Dá saudade até de ter que repetir o ano só pra ficar naquelas carteiras duplas com um buraco no meio que a gente nem sabe pra que é, mas garantem os mais entendidos que é apenas para que se saiba qual o espaço de um e do outro, embora nem precise porque respeito é uma coisa que aprendemos desde cedo e em casa. E quem não passar, vai repetir o ano mesmo já que não tem essa tal de segunda época no primário. Ou passa ou não vai para a série seguinte.

Apois me de-me uma licencinha – não estranhe o me de-me porque é pedir duas vezes – que vou ali buscar o Exame de Admissão pra estudar porque nem sei quantos pontos estou precisando para chegar ao ginásio.

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