O palacete de Dona Amélia Duarte Machado, depois “Viúva Machado”

junho 15, 2025

Damata Costa (Natal não há tal)  O Palacete da Viúva Machado está situado na Praça Dom Vital, número 504, no bairro da Cidade Alta.

Damata Costa (Natal não há tal) 

O Palacete da Viúva Machado está situado na Praça Dom Vital, número 504, no bairro da Cidade Alta. Foi construído para servir de abrigo ao comerciante português Manoel Duarte Machado, dono de "A Dispensa Natalense". Principal centro de abastecimento de Natal.

Em 1910, o comerciante Manoel Duarte (esposo de Dona Amélia), adquiriu ao comerciante José Barreto Maranhão, o seu palacete, na Cidade Alta, construído com material vindo da Europa. Lustres de cristais e porcelanas, ferragens das portas, grades e muito conforto faziam daquele palácio um local agradabilíssimo e ponto de grandes encontros.

O palacete também abrigava duas estátuas de crianças , colocadas no jardim, simbolizando primavera e verão. Tinha também um belo chafariz que, a exemplo das estátuas dos meninos, foram fundidos na França na famosa Fonderies Du Val D´Osne, de Paris

Esse palácio hospedou os pilotos Gago Coutinho e Jean Mermoz, o escritor Saint Exupery, Mário Melo e outras personalidades. Manuel Machado e Dona Amélia, além desse palacete, compraram outros imóveis, e locais para pedreiras e viveiros de peixes. Fizeram doação de um terreno para instalação de campos de pouso da Lacotecoere (A Latécoère, fundada por Pierre-Georges Latécoère, foi uma empresa pioneira no desenvolvimento de aeronaves e rotas aéreas, incluindo a Aéropostale, que se tornou a precursora da Air France).

Dona Amelinha, como era conhecida pelos mais íntimos, era uma mulher culta que frequentava teatros, cinemas e festas religiosas. Morando próximo da Igreja do Rosário, foi uma grande mantenedora dessa igreja em mais de cinquenta anos.

Uma filantropa, ajudou muita gente na sua centenária vida. Nasceu no dia 08 de dezembro de 1881, em Mossoró (RN) e faleceu em Natal, em 18 de outubro de 1981

Depois de uma passagem pelo Ceará acompanhando um tio, onde fez o curso primário, morou em Areia Branca onde os pais instalaram uma pensão. Incentivado por um comandante de navio mercante, vieram morar em Nata,l na Rua das Virgens.

Em 1933, o português Manoel Duarte adoeceu e faleceu, no Rio de Janeiro, onde foi sepultado no cemitério São João Batista. Dos 14 partos de Dona Amelinha nenhum sobreviveu. Com a morte precoce do marido, a " Viúva negra", passa-se a se chamar Viúva Machado (ou seja, a Viúva do Machado).

Corria o boato de Dona Amelinha tinha uma doença e para se curar dessa terrível doença precisava comer o fígado de criança, o famoso "Papa Figo". Das Rocas às Quintas corria a lenda. E o nosso medo! Os meninos morriam de medo de ter seu fígado comido pela bondosa Viúva Machado. Pura maldade. Dona Amelinha terminou seus dias sentada numa cadeira de balanço vendo o Rio Potengi.

Fez doações a diversas entidades filantrópicas e religiosas. Pouco antes de completar 100 anos sofreu uma isquemia cerebral, assistida pelo médico João Rabelo. Vindo a falecer. O seu sepultamento foi assistido por uma multidão.

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