Não tenho tudo que amo mas, amo tudo que tenho

janeiro 22, 2023

Francisco Lucena de Araújo Filho – Médico e ex-prefeito de Ouro Branco/RN Na minha vida não tenho nada a reclamar.

Francisco Lucena de Araújo Filho - Médico e ex-prefeito de Ouro Branco/RN

Na minha vida não tenho nada a reclamar. "Não tenho tudo que amo, mas amo tudo que tenho". Vivo em paz com Deus e com todos. E o melhor é viver no lugar onde as minha raízes mergulharam fundo no chão que me viu nascer e crescer. Sinto-me feliz.

Cedo saí para estudar com o ideal de fazer Medicina. Sofri com a ausência do conforto da casa paterna e somente regressava nas férias escolares ainda esmagado pela saudade. Resisti as adversidades em decorrência de um dia ser médico e isto foi bastante para sobrepujar os sofrimentos da alma.

Recordo-me de quando era menino de calça curta, ouvia com frequência minha mãe e outras pessoas reclamarem do sofrimento do povo dessa terra com a escassez de assistência médica efetiva. Havia muito sofrimento, com os óbitos precoces ou com as sequelas estigmatizantes decorridas de doenças curável.

Fiz Medicina e ao concluir o curso, retornei, me reorganizei e me dediquei de corpo e alma a minha terra com muito amor. Venci. A população ganhou e sem ter o que reclamar. E até o presente continuo prestando um serviço com cinzelamento, atencioso e indiscriminado. Já se aproxima de quase meio século e jamais fui acometido da "Síndrome de Bordeline".

Hoje quase na velhice ainda, paralelamente, exerço outras atividades - a pecuária e a política municipalista por opção. Permaneço com a mesma predisposição, com paixão e com amor.

Na pecuária não tem retorno mercantil mas dá a saúde da alma. Vestido com minha roupa de campo, cavalgando, adentro no mato cauteloso mas me sentindo feliz com a proeza.

Na vida pública exerço com probidade por considerar um fator primordial. Já passei por todos os cargos públicos da minha terra. Sou o decano. E o mais curioso dessa jornada, que sempre exemplifico, foi esse caso: um dia, quando prefeito, me pediram para eu demitir o coveiro. Eu indaguei a causa. "É porque ele votou contra o Senhor". Então respondi: "olhe, eu fiz o Primário, o Ginásio, o Científico, passei no vestibular de Medicina, sou médico, cheguei na União por concurso, sou prefeito eleito e agora demitir por esse motivo um coveiro, assim vou jogar tudo isto no lixo.

Perdoe-me a prolixidade.

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