A Barba Azul de Eva
Alex Medeiros – Jornalista e Escritor ( Texto publicado na Tribuna do Norte) Em 10 de janeiro de 1974 estreava no Brasil com 2 anos de atraso o filme Barba Azul, do diretor Edward Dmytryk, estrelado por Richard Burton e Raquel Welch.
Alex Medeiros - Jornalista e Escritor ( Texto publicado na Tribuna do Norte)
Em 10 de janeiro de 1974 estreava no Brasil com 2 anos de atraso o filme Barba Azul, do diretor Edward Dmytryk, estrelado por Richard Burton e Raquel Welch. É quase impossível imaginar uma trama publicitária entre a TV Tupi e os distribuidores do filme de 1972, mas aquela estreia ajudou na divulgação da novela de mesmo nome que chegaria em fevereiro. O filme foi exibido no Rio nos cinemas Super Bruni 70 e Astor Méier e no Cine São Bento, em Niterói.
Escrita por Ivani Ribeiro, A Barba Azul estreou em 1 de julho de 1974, às 19h, com o objetivo de repetir a grande audiência de Mulheres de Areia, encerrada quatro meses antes e que também levava a assinatura da brilhante dramaturga. A Tupi apostou no mesmo casal romântico da trama anterior, Carlos Zara e Eva Wilma, que, aliás, começaram a namorar de verdade durante as gravações. E aí, os beijos técnicos deram lugar aos beijos reais.
A dondoca Jô Penteado (Eva) é uma endinheirada insolente que tem fama de perder noivos (por problema fúnebre e não anatômico), o que lhe dá a alcunha de barba azul, alusão ao clássico literário do escritor francês Charles Perrault.
O professor Fábio Coutinho (Zara) ministra aulas para crianças e adolescentes. É um típico cidadão suburbano prestes a casar com a noiva Paula (a loiraça Kate Hansen) e que vai enfrentar a malcriação de Jô num passeio de lancha.
Na primeira semana de exibição, a novela atraiu também crianças e adolescentes, fato que atendeu às intenções de Ivani e da Tupi que optaram por uma linguagem de pegada popular e leve e com personagens bem jovens.
Aos 18 anos, a atriz Nádia Lippi no papel de Babi Penaforte se tornou marca e cara da novela, arrebatando a audiência masculina no país e emplacando capas de revistas quase toda semana, além das capas dos LPs da Som Livre.
Kate Hansen tinha 22 anos, Analu Graci (Lenitinha) 25, Wanda Estefânia (Ivete) também com 25, João Signorelli (que fez par com Lippi) tinha 18 e ainda os pequenos astros Haroldo Botta, Suzy Camacho e Ana Luiza Lancaster.
O talento de Eva Wilma, que já tinha balançado os lares nacionais com o papel duplo de Ruth e Raquel em Mulheres de Areia, fez de novo a diferença nas trocas de farpas entre Jô e Fábio, hidratado pela competência de Carlos Zara.
A novela foi de 1 de julho de 74 a 15 de fevereiro de 75 mantendo a Tupi na briga com a Globo. Ao transmitir em cores juntamente com O Machão e Os Inocentes, ironizou o pioneirismo rival: “a única TV com três novelas em cores”.
A Barba Azul foi a segunda novela que eu acompanhei inteira (havia visto Irmãos Coragem aos 11 anos em 1970). Substituí o amargor das derrotas na Copa 74 pela doçura de Babi encarnada por uma Nádia Lippi deslumbrante.
A estampa da atriz marcou um tempo das primeiras paixões no bairro e na escola; eu cantarolava em “embromation” duas canções da trilha sonora, Shadows (Demis Roussos) e D’ont Let Me Cry (Mark Davis o futuro Fábio Jr.).
Coincidências ou não, onze anos depois Ivani Ribeiro resolveu reescrever a trama para a TV Globo trocando o título para A Gata Comeu, me pegando de novo, desta feita morando em São Paulo e em tempo de primeiro casamento.
No remake de 1985, Christiane Torloni no papel de Eva Wilma, Nuno Leal substituiu Carlos Zara, Fátima Freire no lugar de Kate Hansen, Dirce Migliaccio no papel de Yolanda Cardoso e Mayara Magri como a Babi de Nádia Lippi.