O porteiro do prédio também vota, viu militante?

outubro 13, 2024

Cefas Carvalho – Jornalista e escritor Um amigo querido, militante apaixonado de esquerda, me manda mensagem pelo zap sobre a necessidade de se votar em candidatos progressistas nesta eleição municipal.


Cefas Carvalho - Jornalista e escritor

Um amigo querido, militante apaixonado de esquerda, me manda mensagem pelo zap sobre a necessidade de se votar em candidatos progressistas nesta eleição municipal. Respondi com um emoji de “estamos juntos” mas a vontade mesmo era de dizer que eu já voto e apoio em candidatos de perfil progressista, como aliás fiz durante toda minha trajetória eleitoral, de acordo com minha linha política, ideológica e de vida pessoal.

Não é o único. Diversos amigos e amigas o fazem, mesmo sabendo de minhas tendências políticas. Sei que não é algo tão pessoal, que faço parte de uma lista de transmissão. Formada por pessoas também de esquerda, presumo.

Mas isso não é novidade. Desde a famigerada eleição de 2018, com Lula preso e um segundo turno entre Bolsonaro e Haddad, venho percebido a insistência da militância progressista de militar dentro da sua própria bolha.

Escrevi sobre isso aqui nesse espaço algumas vezes, entre o tom bem humorado e a crítica pragmática. Claro que é bacana trocar informações com quem pensa igual e ter a sensação de pertencimento. Em compensação, pregar para convertidos não acresce um único voto para os candidatos de esquerda e nos distancia do que é ou deveria ser o objetivo: a vitória eleitoral com a ocupação de espaços políticos.

Conquistar esses resultados práticos significa fazer algo que parte da militância de esquerda esqueceu, abandonou ou não leva mais a sério: ir às ruas, para o corpo a corpo, gastar saliva. Trabalhar na base, como se diz. Dialogar não com radicais da extrema-direita, claro, não há o que falar ou ouvir de quem flerta com o fascismo, mas sim com aquele chamado “eleitor pendular”, que vota mais em nomes do que em partidos e aceita mudar drasticamente de um voto de um pleito para outro. 

Há que se ter cuidado e paciência ao se dialogar com este eleitor/cidadão. Muitas vezes ele profere, de forma até ingênua, bordões da direita, como que “político é tudo igual” ou “política não presta”. O que não quer dizer que ele não cogite votar em candidato x ou y se for convencido disso. Colocá-lo na vala comum dos antipolítica por ideologia e interesses escusos é um erro. 

Como escrevi antes e repito até cansar os amigos, a militância de esquerda tem de sair da visão romantizada do mundo para conseguir dialogar a contexto com este pessoal. Brinco sempre que o romantismo é bom a dois, numa mesa à luz de velas. Na política o romantismo é um horror e estraga tudo, porque pressupõe que nossa visão de mundo é superior e mais inteligente que a do outro e esse senso de superioridade sabota o diálogo. SEM diálogo, não há militância, nem tentativa de convencer o outro pela dialética. Quem agradece é a extrema-direita, que oferece soluções fáceis e frases feitas, levando sua mensagem com eficiência perturbadora. Senador Styvenson e Pablo Marçal, entre tantos, estão aí para nos mostrar isso.

Para sair da teoria e ir para a prática, vou ilustrar um exemplo didático que presenciei na eleição municipal de 2020, em plena pandemia. Com o confinamento e lugares públicos fechados, um amigo querido, progressista, é claro, me chamou para comes e bebes no apartamento dele, com mais duas pessoas queridas, todas de máscara e sem abraços. Conversamos e rimos, com a política entre os assuntos principais, claro, criticando o desgoverno Bolsonaro e planejando maneiras da esquerda chegar ao poder em Natal e no país. Na hora de ir ele me acompanhou até a portaria para que eu pegasse meu uber e ao passarmos pelo porteiro percebi que ele não falou nada, enquanto eu desejei boa noite.

Perguntei ao amigo querido qual o nome do porteiro. Ele respondeu que não sabia. Como eu sei o nome de todos os porteiros e zeladores do condomínio onde moro, acho essas coisas estranhas, mas cada um é cada um. Indaguei se já havia conversado com ele sobre a eleição e se sabia em quem ele votaria. O amigo me olhou como se eu fosse doido. Meu uber chegou e nos despedimos marcando outra celebração na casa de outra pessoa. Pensei em dizer a ele que o porteiro também vota. Não o fiz.

No dia seguinte recebi do amigo uma mensagem de zap sobre um protesto contra Bolsonaro, na Avenida Paulista. Enfim.

2 respostas para “O porteiro do prédio também vota, viu militante?”

  1. Os bordões: Politia não presta, políticos são ladrões são todos iguais etc. Isso é fruto dos naus político. Seja de direita, extrema direita, extrema esquerda e esquerda ou centrão.
    Na minha visão, política é uma ciência primordial, exelente, mais os partidos ideológicos de ideias estapafúrdias, que infecta a sociedade. Partidos não inteiros despedaçados de ideias loucas. Cada um defende o que acha correto e bom pra sociedade. Muitas das vezes próximas.
    Politica partidária é sublime, mais quem estraga são políticos de partidos sejam qual for faz com que a invencibilidade reine na maioria dos eleitores. Só se ver corrupção ativa, passiva em todos partidos. Como uns que os filhos são envolvidos em rachadinhas, outro que os filhos enriquecem com tráfico de influência, fraucatuas, lavagem de dinheiro ganhando ” N” vezes em loterias com seus contadores, fortunas ilícitas. Políticos de certos partidos carregando dinheiro nas cuecas, políticos que tem bens que não são seus e de amigos, políticos da direita e da esquerda, que se envolvem em apoderar – se de presentes valiosos dado a união. Isso todos não vou citar nomes todos sabem. A política é necessária e sublime como a ciência de um modo geral. Quem estraga é a mania de poder e a gana do dinheiro. “Democracia” maravilha, mais os ditadores tremem na democracia e agem como ditadores cruéis, e gritam democracia. Democracia o governo semana do povo. A Sucuri se fantasia de democracia e vai asfixiado a sociedade. As ideologias estaparfudias, o povo desinformado vão seguindo. Tudo estampado na cara. Políticos enganam com migalhas bolsa isso, bolsa da quilo e as pessoas se viciam e não procuram mudar de vida. Recebe, sexta básicas, vale gáz, presidiários rebendo bolsa 1750,00 reais “salvo engano” o valor. Aí os corruptos deitam e rolam e os emcabrestado diz: Não Petrolão, mensalão, políticos presos aí dizem: perseguição política. Hoje a desconfiança no STF, é tão absurda, coisa nunca vista no Brasil. Os poderes atropelando uns aos outros, insegurança jurídica. O Brasil um país maravilhoso, esses políticos sem vergonha sujam a imagem do Brasil mundo a fora. O Brasil hoje é o país mais corrupto do mundo, o mais inseguro até mais do que estão em guerra. Insegurança total, o crime organizado infiltrado em tudo, no comércio, na indústria, na politica.
    Um governo paralelo. O PCC, as milícias agem nas comunidades como o Hammas agem na Faixa de Gazza. Usa os pobres indefesos como escudo. Inversão de valores, os criminosos vistos como vítima da sociedade. Isso é ideologia de loucos. Saidinha temporária dos bandidos, que aproveitam pra roubar e matar. Isso é a parte podre da politica. Como em tudo existe o positivo e negativo. Assim caminhemos ruma a distorção de um povo. Exemplo Venezuela.

  2. A polarização irracional!
    Um punhado de imbecis tanto da esquerda como da direita, criticando pra não falar um palavrão, todos farinha do mesmo saco.
    A criminalidade tomando conta do país. Um país doente ,que diferente sai em defesa do bandido, que rouba um celular pra tomar uma cervejinha. Uma direita que é tão podre como a esquerda. Todos com maioria desprovida de bom senso. Tantos partidos, a dar com um pau.
    Voltemos ao passado Arena e MDB.
    Ordem e respeito, isso não existe mais nem nos poderes constituídos. ” VERDGONHA”

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