Despertar e Consciência 

Morreu na sexta-feira (23), Sebastião Salgado: o renomado fotógrafo que, ao lado de sua esposa, devolveu a vida à terra e trouxe de volta até os animais.

Em um mundo marcado pela destruição ambiental, Sebastião Salgado e Lélia Wanick Salgado provaram que regenerar a natureza é mais do que possível: é um chamado ético e espiritual. Diante da paisagem árida e esgotada de Aimorés, Minas Gerais — a terra natal de Sebastião -, onde a Mata Atlântica havia sido quase totalmente dizimada, eles vislumbraram o impossível: um renascimento.

Em 1998, fundaram o Instituto Terra, uma iniciativa visionária com o propósito de restaurar a vida onde só restava silêncio e poeira. Foram mais de 2 milhões de árvores plantadas em 710 hectares. Mas a vitória maior não se mede apenas em troncos e folhas: a floresta ressurgiu e, com ela, retornaram mais de 170 espécies de aves, mamíferos e répteis. Entre eles, a onça-parda — símbolo majestoso de que a natureza, quando respeitada, responde com exuberância e força.

O Instituto expandiu ainda mais seu impacto, recuperando mais de 2 mil nascentes nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, devolvendo água e fertilidade às regiões antes castigadas. O projeto se consolidou como um dos maiores exemplos mundiais de restauração ecológica, sendo celebrado internacionalmente pela sua eficácia, beleza e esperança.

Em 2023, o Instituto Terra comemorou 25 anos de atuação, um legado que transcende gerações. A obra de Sebastião Salgado, tanto através de suas imagens como de sua ação direta no planeta, nos lembra que mesmo as cicatrizes mais profundas podem ser curadas quando há amor, paciência e compromisso com a vida.

As fotografias do “antes e depois” são um testemunho contundente: não existe devastação que a natureza não possa reverter — desde que a humanidade se disponha a ser sua aliada.

Se um casal foi capaz de restaurar uma floresta inteira, imagine o que todos nós podemos fazer, juntos, pela Terra.