Jornalismo com ética e coragem para mostrar a verdade.

setembro 10, 2023

Um mini romance chamado Você

Bruna Torres – Jornalista e Escritora @autorabrunatorres      Quando se trata de amor, eu nem sei mais o que quero, não falo da confusão e incerteza, mas ainda estou no processo de redescobrir o que almejo de um relacionamento e essa descoberta não é fácil.

Bruna Torres - Jornalista e Escritora @autorabrunatorres

     Quando se trata de amor, eu nem sei mais o que quero, não falo da confusão e incerteza, mas ainda estou no processo de redescobrir o que almejo de um relacionamento e essa descoberta não é fácil. Um dia já fui a menina que acreditava que estar solteira era uma coisa ruim, uma menina que idealizava o amor, o afeto, sem fazer ideia de como os relacionamentos funcionam.

    É verdade, a parte do carinho, dos abraços, dos beijos e das risadas, do tesão são as melhores, mas uma hora elas passam e o que vem depois? É esse depois que me preocupa, o futuro, o “e se”, que parecem besteiras para aqueles que te mandam aproveitar o presente, mas uma hora ele vira passado, essa é a parte que ninguém te conta.

    Hoje, eu sei, já passei por inúmeros altos e baixos, vivenciei o amor e a dor na prática e isso mudou um pouco a minha visão sobre o amor. Tem um ditado chinês que diz que, quando menos precisamos, é quando mais devemos ser amados, algo assim, não me recordo bem.

    Mas, às vezes, eu tenho a impressão de que sempre sou a pessoa que se doa mais, a que escuta, acolhe, a que deseja ver os outros bem, que torce por suas conquistas e neste momento da vida, eu só quero focar nos meus projetos, nos meus trabalhos, mas no meio disso tudo, eu resolvi e me permitir viver e foi assim que aconteceu.

Conhecer você, foi sair da minha zona de conforto, um casulo que eu fiquei por meses, uma quebra de ciclo, me conectar com alguém novamente, conversar, dizer coisas bobas e planejar o futuro, mesmo tão cheio de incertezas.

Couple eating pizza snack at home. Portrait of an happy couple.They are laughing and eating pizza and having a great time. Young hipster male and female couple home eating pizza

    Acho que no fundo, eu já sabia que tudo aquilo não iria durar por muito tempo, nossas diferenças mexiam com as peças do nosso destino de forma constante, fomos apenas um intervalo que eu aproveitei bastante, espero que você também.

     Eu olhava para você e via alguém que detinha no olhar, mil histórias, enquanto ainda estou traçando as minhas histórias, aventuras, vivendo coisas inimagináveis meses atrás. Quando você leu a crônica sobre amores que duram apenas um dia, a primeira crônica que eu decidi escrever sobre um cara, lembro o quanto você disse ter gostado da narrativa e de como tinha se sentido especial, sem saber que realmente foi.

   Acho que nisso, nós dois erramos… Duas pessoas feridas, que já amaram intensamente, mas não receberam esse amor da mesma forma, agora, talvez tenhamos nos perdido no que queríamos, nas nossas egoístas angústias e amores.

    Eu não tive tempo de dizer, mas eu adorava o jeito que você cozinhava para mim, o sabor da sua comida, o som da risada, do sotaque mineiro, entre o tilintar dos talheres num almoço durante um dia normal de trabalho para mim, um dia normal de aula na faculdade para você.

    De forma tardia, eu percebi que às vezes a paixão mora nos detalhes na rotina, dos encontros improvisados, dos beijinhos de despedida antes de cada um seguir seu rumo, com uma promessa oculta de retorno, mas desde aquele dia, eu não voltei mais. Nosso último encontro, nos tornamos dois seres assexuais, sem segundas intenções, apenas conversas, de intimidades, sentindo uma brisa marítima, gostosa e noturna entrar pela janela do seu apê nas proximidades da Praia do Meio.

    O problema disso tudo é você morar em um prédio da avenida mais movimentada do local, num lugar que eu sempre vou lembrar quando passar por lá. As cores da sua habitação se assemelham a você, como se um fim de tarde morasse no seu cabelo claro.

    Mas, tudo que escrevo é duvidoso e detém doses românticas demais de uma conexão que inicialmente era só sexo, nada mais. No entanto, presenciei alguns dos seus dias ruins e me perguntei:

“- E quando os dias ruins foram meus? Alguém vai ter paciência comigo? Quem me acolhe quando esses dias chegam?

Não sei se você seria essa pessoa, não tivemos tempo o bastante para descobrir, talvez, eu só precisava de mais tempo, afinal, saí de um relacionamento de uma vida inteira, praticamente, achando que desperdicei meu tempo.

    No entanto, tudo mudou de repente entre nós, o que parecia um aconchego no fim de tarde, se tornou numa tempestade de confusão e sentimentos. Você já não conversava como antes, não tinha mais o mesmo interesse, e tudo aconteceu sem um motivo que eu tenha notado, talvez você só tenha percebido que queremos coisas diferentes neste momento, você preferiu o silêncio e a indiferença, enquanto eu fiz um pouco de barulho para entender o que estava acontecendo, até que eu aprendi a ficar em silêncio e percebi que ele também é uma resposta.

    Eu estava pronta para dar o mundo a você, mas não o meu coração. E, talvez, você só quisesse uma dessas coisas. Tudo bem, a vida segue seu curso e universo nos direciona ao que desejamos, hoje, acredito nisso mais do que tudo, pois o universo me apresentou a você e chegou a hora de trilharmos os caminhos que procuramos.

      Obrigada pelo livro sobre 'maternidade', que você achou interessante e há um ano tem nas suas coisas, dentre alguns livros perdidos que você resgatou antes que fossem para o lixo, e me entregou depois de descobrir qual seria o meu tema de TCC, como se fosse a joia mais preciosa da sua coroa. Obrigada pela companhia e por me apresentar à sua cadela que ama dormir em rede. Ou até mesmo quando trabalhamos juntos pela primeira vez, num evento de charutos e eu te achei ainda mais atraente entre uma baforada e outra numa noite imersiva na cultura cubana, com charutos artesanais, produzidos na Bahia. Uma noite legal, registrada em fotos.

Por fim, lembrei que eu mandei um twitter para Johnny Hooker, a música ‘Cuba’ não saía da minha cabeça quando eu pensava em você, talvez por um tempo, ela ainda seja nossa, mesmo que não tenha mais um plural ou um ‘nós’.

Espero que tenha aproveitado o nosso intervalo, assim como eu aproveitei, E. D.

4 respostas para “Um mini romance chamado Você”

  1. Carlos Antonio Soares da Silva disse:

    O cotidiano é o dilema dos amantes. O amor não se vai, a paixão sim. Ou, vise versa.

  2. Debra disse:

    Mesmo que não estejam “juntos” ou não tenha aquela promessa que vão dividir a vida e as contas, o reconhecimento do que aconteceu de maneira tão singela torna bonito de se ver. Não sei se desejo meus sentimentos pra ti ou se somente externo que sinto orgulho do caminho que estás a trilhar.

  3. Bruna Torres disse:

    Gostaria de esclarecer a todos que esta crônica é uma romantização de uma pessoa falha, real, mas falha. E,D mudou completamente comigo por estar em conflito com seus próprios demônios e eu não vou exorciza-los. Escrevi sobre um romance de verão com um desfecho nada agradável, mas deixei a crônica por aqui, para lembrar as partes boas. Obrigada pela compreensão e leitura de todos.

  4. Milla O disse:

    Eu amei, uma pena que não aconteceu como desejava, mas rendeu uma crônica fofíssima 🥺