“Sítio aberto”; lugar escuro que tinha a fama de mal-assombrado

abril 9, 2023

Cristovão Ferreira Cavalcante (Mipibuense radicado no Rio de Janeiro) Era o ano de 1968, a cidadezinha de São José de Mipibu/RN, à noite, os jovens ocupavam a quadra de esportes “Monsenhor Antonio Barros” (pertencente à Paróquia) e localizada no centro da cidade.

Cristovão Ferreira Cavalcante (Mipibuense radicado no Rio de Janeiro)

Era o ano de 1968, a cidadezinha de São José de Mipibu/RN, à noite, os jovens ocupavam a quadra de esportes "Monsenhor Antonio Barros" (pertencente à Paróquia) e localizada no centro da cidade.

Diariamente, a quadra se enchia de jovens, para jogar futebol de salão.  Algumas vezes, as partidas terminavam por volta das 22h. Surgiu um probleminha que tínhamos que resolver: Edilson Avelino ('Didi'), um dos melhores jogadores que aparecia por lá, jogava um bolaço. Era bom de futebol de salão.

Edilson (Didi) Avelino

Quando adolescente, Didi residia, depois do cemitério público, passando por uma área desabitada, conhecida por 'Sítio aberto' (hoje, localizada entre a caixa d'água da Caern e o campo do Arsenal). Para retornar à casa era um pouco complicado, porque tinha de passar ao lado do cemitério.

A solução era reunir, todas as noites, após os jogos da quadra, o maior números de jovens, para levá-lo a sua residência. Diariamente, lá, íamos nós, em "comboio", com um lampião a gás,  porque, ainda, não havia iluminação pública nessa área da cidade, conhecido por"Sítio aberto". Era um lugar desabitado, escuro e cheio de '"carrapateiras" (mamonas), e o pior: tinha a fama de mal-assombrado, que amedrontava a garotada. O lugar era um terror para eles...

Certo dia, resolvi pregar uma peça...

Terminado os jogos, o mesmo ritual: juntaram-se todos em "comboio". Didi, o mais medroso, vinha no centro da garotada. Todos juntinhos, iluminando o caminho com o lampião a gás.

O medo tomava conta de todos, que se ouvia o bater de dentes.

Na época, eu servia a Aeronáutica e tinha uma capa preta. Vestido da capa, me escondi dentro de uma fechada plantação nativa de carrapateiras, aguardando a passagem dos garotos, nas proximidades do cemitério.

Lá vem um converseiro de pessoas, também, com um lampião a gás. Deixei se aproximarem e pulei com a capa aberta, feito um fantasma.

Meu deus! Era gritos de pavor e correria pra todo lado.

Não eram os colegas que jogavam na 'quadra do padre'. Eram crentes da Igreja Batista que haviam ido pregar a palavra de Deus. Correu crente pra todos os lados. Acho que os crentes pensaram ser o demônio.

Só ficou o pastor gaguejando de medo: - boa boa boooa noiiiiiite!!!.

Agora, o medo era meu, de ser reconhecido. Explico: Era o Pastor Cezion, que, também, era sargento-músico da Aeronáutica e servia na mesma Companhia.

Ao reconhecê-lo, disparei numa velocidade, que o vento é quem me levava.  Corri muito, até o Cabaré de "João Mané". Fiquei com medo de ter sido reconhecido.

Nunca comentei essa presepada com, os irmãos de fé. 

Fui residir no Rio de Janeiro e, retornando a São José de Mipibu, no ano 2000, procurei saber se o Pastor Cezion ainda era vivo, me disseram que sim. Pedi a um amigo para contar para ele o ocorrido. Se conseguiram revelar para o amigo pastor, não sei. (Há poucos anos, o Pastor Cezion faleceu)

Até hoje, quando lembro fico rindo mas, na hora foi coisa de doido...

Até a próxima, com lembranças do passado em São José de Mipibu.

3 respostas para ““Sítio aberto”; lugar escuro que tinha a fama de mal-assombrado”

  1. EDUARDO, DUDU disse:

    KKKK. VC NAO E FACIL CRISTOVAO SEMPRE APRONTANDO AS SUAS, DESDE A INFANCIA JA FAZIA AS SUAS M…, RS.
    MAS FICO PENSANDO QUE VC VIVEU UMA BOA VIDA, FAZENDO TUDO O QUE QUERIA, APRONTANDO TODAS NE, E CLARO!
    GOSTEI DE VER QUE VC DESCUBRIU UMA MANEIRA DE COMPARTILHAR MOMENTOS DE SUA VIDA COM TODOS, ASSIM, SEMPRE QUE PENSARMOS EM VC LEMBRAREMOS NAO SO DOS MOMENTOS QUE VIVEMOS CONTIGO, MAS TAMBEM DAS DEMAIS COISAS QUE JA APRONTOU E LOGICO TEREMOS MUITOS ASSUNTOS PRA CONTAR EM RODA DE FAMILIA E AMIGOS, CONTANDO UM POUCO DE SUAS HISTORIAS.

  2. Didi Avelino disse:

    😄😁 Como não amar Mipibu e suas histórias inesquecíveis? Especialmente, quando contadas por seus protagonistas. O inesquecível amigo Ariomildo, o querido Lelé, dizia que Cristóvão e Toinho Fagundes tinham, como ninguém, o dom de narrar os episódios da nossa São José de Mipibu e seus personagens folclóricos. Prova disso é essa crônica deliciosa contada e protagonizada pelo queridíssimo amigo Cristóvão Ferreira Cavalcante, rememorando um cenário e um tempo em que na nossa cidade prevalecia a paz, a alegria e uma felicidade ingênua da qual nos lembramos, até hoje, com muito carinho.
    Cristóvão, parabéns pela crônica, amigo!

  3. Didi Avelino disse:

    😄😁 Como não amar Mipibu e suas histórias inesquecíveis? Especialmente, quando contadas por seus protagonistas. O inesquecível amigo Ariomildo, o querido Lelé, dizia que Cristóvão e Toinho Fagundes tinham, como ninguém, o dom de narrar os episódios da nossa São José de Mipibu e seus personagens folclóricos. Prova disso é essa crônica deliciosa contada e protagonizada pelo queridíssimo amigo Cristóvão Ferreira Cavalcante, rememorando um cenário e um tempo em que na nossa cidade prevalecia a paz, a alegria e uma felicidade ingênua da qual nos lembramos, até hoje, com muito carinho. Cristóvão, parabéns pela crônica, amigo!