UM AMOR ADOLESCENTE
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Sempre fui apaixonada por ele.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Sempre fui apaixonada por ele. Desde o tempo em que eu era apenas uma menina e nada entendia de amor. Talvez por isto, jamais tive a oportunidade de tê-lo nos meus braços com a ilusão de que ele me pertencia e poderia ser somente meu. Durante muito tempo ele viveu debaixo do mesmo teto que eu e uma das minhas maiores alegrias era poder vê-lo todos os dias e acariciá-lo de vez em quando.
Meu pai jamais aceitaria qualquer proximidade com ele, uma vez que ele necessitava de uma dedicação exclusiva e de uma atenção que eu naquele ponto da minha vida, jamais poderia oferecer. Afinal, eu era muito jovem e precisava priorizar meus estudos. Pelo menos era esta a explicação que meu pai e os outros adultos da família me davam.
Certo dia, para minha mais profunda tristeza, meu pai resolveu tirá-lo das nossas vidas. E ele partiu deixando um enorme vazio dentro do meu coração. Aliás, posso afirmar, que naquele momento, ele partiu levando um pedaço do meu coração. Foi uma despedida muito triste e sofrida, a qual me fez chorar muito.
Naquele dia fiz um juramento secreto: o de que algum dia eu o encontraria e ficaria com ele para sempre. Ou melhor, ficaria com ele até o dia em que o amor acabasse, porque, embora muito jovem, eu tinha consciência de nada é eterno. Nem mesmo o amor.
Alguns anos se passaram sem que eu tivesse a oportunidade de revê-lo. Mesmo assim, sua lembrança estava sempre viva no meu pensamento e no meu coração.
Saí de Baixa Verde, minha cidade de nascimento e vim morar em Natal para dar continuidade aos meus estudos. Tinha decidido que seguiria a carreira de jornalista e precisava me preparar para fazer o vestibular.
Neste período também comecei a trabalhar e a ganhar meu próprio dinheiro. Sentia-me feliz por estar conquistando todos os objetivos que havia traçado na minha infância, porém, a lembrança dele ainda me atormentava. Já fazia muito tempo que estávamos separados e eu jamais o vira novamente.
Era o mês de dezembro e as lojas da cidade se enfeitavam para os festejos natalinos. Eu caminhava olhando a decoração das ruas quando, distraidamente olho para o interior de uma loja e lá estava ele, lindo como sempre. Da mesma forma como eu o recordava.
Puxa vida, quanta emoção! Fiquei com as pernas trêmulas e o coração batendo descompassado. Uma vontade louca de correr e abraçá-lo tomou conta de mim, mas me contive. A loja estava cheia de pessoas, que certamente pensariam que eu estava ficando louca e freei meu impulso.
Como não havia nada que pudesse impedir, passei a visitar aquela loja todos os dias e ele estava lá sempre no mesmo lugar a me esperar. À medida em que os dias passavam, ele parecia mais bonito aos meus olhos e eu sentia que o meu amor aumentava mais e mais.
Minha vida se resumia àqueles poucos minutos nos quais eu passava diante da loja para vê-lo. Era enorme a minha tristeza por não ter como levá-lo comigo, mas naquele momento eu nada podia fazer. Precisava estudar com afinco para ser aprovada no vestibular de jornalismo.
Finalmente o dia com o qual tanto sonhei, chegou. Eu entrei na loja, com a voz cortada pela emoção e disse ao vendedor: - Moço, por gentileza, embrulhe este violão. Eu vou levá-lo!
Amei a crônica e a reflexão sobre amores da vida
Eu amei conhecer mais um fragmento dessa história. Palavras que expressam um sentimento do coração. Pura emoção…..
Muito massa ,me prendeu até o fim. E por sinal,o fim foi delicioso,como esperamos nos romances instrumentalizados da vida. Parabéns, sempre pensei escrever algo assim….