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janeiro 31, 2021

Poucas & Boas

Valerio Mesquita (mesquita.

Valerio Mesquita (mesquita.valerio@gmail.com)

01) Na tórrida Caicó, desenrolava-se uma das mais disputadas campanhas municipais, quando Vivaldo Costa foi visitar o Hospital Psiquiátrico. Ao sair, foi abordado pelo interno Marçal que lhe pediu dinheiro. Vivaldo, apressado e convencido que doido não tem futuro, respondeu rispidamente: “Tenho não!!”. A reação do alienado foi imediata. Aos berros, passou a gritar sem parar: “Irami, Irami, Irami!!”. Tempos depois veio a vingança vivaldina. Em nova visita, já saindo do hospital, o mesmo paciente novamente o abordou: “Vivaldo, me dá um dinheiro aí!!”. O político pegou três notas de 10 reais e mandou Marçal distribuir com os “colegas”. Todos caíram em cima de Marçal. Meia hora depois Vivaldo tomou conhecimento que o seu gesto provocara a ira dos doidos e que deram uma sova em Marçal, acusado de haver ficado com o dinheiro ofertado. O alcaide caicoense riu mafiosamente, mas só por um canto da boca.

02) O saudosi amigo ex-deputado Neto Correia passou-me essa do ex-prefeito de Cerro-Corá, o famoso Zé Amaro. Fã do futebol, Zé Amaro foi assistir o clássico ABC x América, que decidia o campeonato potiguar. O Machadão estava repleto e ao redor, centenas de veículos. Homem do interior, precavido, foi logo imaginando abrigar o seu veículo em lugar seguro. Viu a caixa d’água do estádio como ponto de visível referência e lá estacionou. Durante o jogo, tomou umas e outras, reencontrou amigos e andou pelas gerais e arquibancadas. Findo o jogo, na saída do estádio desorientou-se. Não viu a caixa d’água, o ponto de orientação. Rodou para a direita, para a esquerda: nada. Enfim, estava só e desesperado. Um popular que esperava um coletivo, vendo a sua impaciência indaga o que se passa: “Sei não rapaz, que tenham levado o meu carro até que eu acredito mas com a caixa d’água e tudo eu estou em dúvidas”.

03) Zil Paiva, filho do saudoso Rui Paiva, figura expressiva do pessedismo do passado, tornou-se popularíssimo na cidade nas décadas de cinquenta e sessenta. Frequentador do high-society da época, era um tanto ingênuo e, por isso, vítima constante de brincadeiras que ele mesmo achava naturalíssimas, pois era uma forma de granjear simpatias. Quando adentrava

pela sala de projeção do cinema Rex ou do Rio Grande, magro, alto, andar desengonçado, a estudantada, em um coro só, o saudava como se assobiasse: “Zil, Zil, Zil, Zil...”. Isso fazia o vereador Luiz de Barros, da Cireda, tocar a cigarra apressadamente avisando o início da sessão vesperal, para evitar o burburinho.

04) Filmes de cowboy eram o fraco de Zil Paiva. Impregnava-se tanto do emocionalismo das cenas de bang-bang a ponto de levá-las para a vida real. Certa vez, numa festa a rigor no ABC, em pleno salão, Roberto Varela, imitando um pistoleiro do faroeste, aproximou-se dele com a palma da mão reproduzindo ,um revólver, com o dedo em riste, gritou como se atirasse: “Zil, bang, bang!!”. Zil, para não tirar o realismo da cena, prostrou-se no solo, como se atingido mortalmente. Espanto de uns, gargalhadas de outros. Era o grande Zil Paiva, em uma de suas melhores performances.

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