![](https://blogoalerta.com.br/wp-content/uploads/2024/05/447034204_7701262779923235_4431442215197134161_n.jpg)
Ana Cláudia Trigueiro - Escritora e Psicóloga
Alguém afirmou que escritores têm poderes. Que enxergam a sociedade como faróis e iluminam, com seus escritos, os cantos obscuros dela.
Já aprendemos que poder passa porque questões econômicas, geográficas, de gênero, de raça e de orientação sexual. Então, pensando nisso, que poder tenho eu, uma mulher nordestina e assalariada?
Por ser branca e heterossexual admito que tenho maior visibilidade, mas pouquíssima em relação à mulheres que vivem em grandes centros econômicos, ou de maior poder aquisitivo ou de nacionalidades mais propícias à literatura, por exemplo.
Octavia Butler, escritora negra americana, afirmou certa vez: "Comecei a escrever sobre poder porque era algo que eu tinha muito pouco".
A escrita, para muitas mulheres, é exatamente isso. Sobre poderes, liberdades e desejos que elas não desfrutam. Nossa heroína vai lá e mata o lobisomem. Ela é a chefe forte e poderosa, sobrevive à orfandade, livra-se do pretendente que quer controlá-la.
Procuro enfatizar isso nas escolas públicas onde vou para que, principalmente as meninas, as adolescentes que sentem essa impotência, como sempre senti, saibam que podem resistir, lutar e existir, apesar desse mundo truculento.
Imagem: Ana Miranda.