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janeiro 24, 2024

Perito que “confirmou” fake news sobre padre Júlio e pedofilia é bolsonarista e apoiou golpe

O perito Reginaldo Tirotti, usado pela Revista Oeste para alegar que um vídeo atribuído ao padre Júlio Lancellotti com cenas sexuais e menor de idade é verdadeiro, é apoiador ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e participou de atos golpistas em frente aos quartéis do Exército.

O perito Reginaldo Tirotti e o padre Júlio Lancellotti. Foto: eprodução

O perito Reginaldo Tirotti, usado pela Revista Oeste para alegar que um vídeo atribuído ao padre Júlio Lancellotti com cenas sexuais e menor de idade é verdadeiro, é apoiador ferrenho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e participou de atos golpistas em frente aos quartéis do Exército.

Tanto Reginaldo Tirotti quanto Jacqueline Tirotti, filha do bolsonarista, utilizaram características prosopográficas, como formato do rosto, orelhas e altura da calvície, para sustentar a veracidade do vídeo. No entanto, é relevante notar que essas características podem ser facilmente reproduzidas por meio de inteligência artificial (IA).

Para determinar a autenticidade das imagens, é crucial ter acesso ao hardware que as gravou ou de onde as imagens manipuladas originaram-se. O vídeo foi supostamente gravado em 26 de fevereiro de 2019.

Em 2020, essas imagens circularam nas redes sociais com uma narrativa contrária ao religioso e, em 2024, ressurgiram, sendo resgatadas por parlamentares bolsonaristas interessados em instaurar uma CPI das ONGs, que tem como principal alvo o padre Júlio.

Recentemente, uma série de conteúdo que acusa o padre de crimes como pedofilia e abuso sexual, alegações jamais comprovadas, foi compartilhada. Essas publicações apresentam diversas abordagens descontextualizadas de acusações que remontam a 2007, ano em que o padre foi vítima de extorsão.

Naquele ano, um grupo de quatro pessoas, incluindo um ex-interno da Fundação Casa (antiga Febem), Anderson Marcos Batista, ameaçou agredi-lo e denunciá-lo por pedofilia à imprensa caso não fizesse pagamentos.

Após o registro da queixa pelo próprio religioso, o caso foi investigado pela Polícia Civil de São Paulo. Quando o acusado foi preso, ele negou qualquer tentativa de extorsão contra o religioso e alegou, sem apresentar provas, que recebia dinheiro de Lancellotti para manter silêncio sobre um suposto relacionamento amoroso entre os dois durante oito anos.

Em novembro de 2007, a polícia encerrou o inquérito e concluiu que o religioso, de fato, foi vítima de extorsão.

FONTE: Diario do Centro do Mundo

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