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Ana Cláudia Trigueiro - Escritora
Ontem sonhei com uma pessoa que amo. Uma pessoa que combina em tudo comigo. Hoje, ao acordar, foi o primeiro rosto encontrado. Um rosto tão familiar, tão caro para mim! Um rosto magoado, no entanto. Que sorri com muito menos frequência do que antes.
A gente se desentende. Pesa sobre mim a acusação de não cuidar direito desse amor. De relaxar em pontos importantes da relação:
"Como seguiremos desse modo... com você sempre me deixando em segundo plano? Fazendo coisas que me desagradam, me adoecem e ameaçam nosso futuro juntos?".
É complicado...
Juro que tento, mas acabo sempre relegando você. Talvez isso venha do nosso passado. Já tive raiva, lembra? Raiva de você ser do jeito que é.
O pior é que estamos nos tornando cada vez mais distantes do meu ideal. Da beleza, da força e da coragem que sempre quis que tivéssemos. Desculpa por esse sentimento. É que idealizei que seríamos o par perfeito! A perfeita combinação entre... corpo e alma.
Perdão por ter raiva na adolescência. É que as capas das revistas diziam que eu precisava ter um corpo magro, se quisesse ser feliz. Acreditei nelas, mesmo quando você me mostrava, com a ajuda do espelho, que estava tudo bem.
Tanto tempo perdido e agora, você dói, cansa e se retrai. Nunca mais caminhadas, banhos de chuva, cirandas de roda. Nunca mais nadar por debaixo das ondas, ou subir nos arrecifes da Praia do Forte.
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Meu amor, meu abrigo, companheiro das mais reprimidas lembranças, em você escrevi toda a minha história. É você que importa mais do que quase tudo o que me arrasta nessa vida. Por isso, meu corpo...
Perdão! Vamos recomeçar?
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