Autor:  Carlos Alberto (Pedagogo/Teólogo)

Pedagogia e ternura. Não existe dualismo nessa relação. As classes populares não são afetadas apenas pela opressão do poder econômico e político. Uma pitada de ternura na pedagogia é necessária para abrir um caminho humanizado no tato e na visão. Isto não seria ainda suficiente para mudar a história cheia de sequelas em pessoas das periferias.

Elas não desapareceram, apenas foram tornadas invisíveis. Permanecem em situações imerecidas. O sistema as reprova, reprovam vidas sem piedade. É preciso buscar uma nova pedagogia com lentes de alcance. Os resistentes das periferias precisam ser alcançados por uma pedagogia terna. Para que todos sintam-se presentes.

A pedagogia da ternura está muito próxima, ou melhor, íntima de uma reflexão crítica e libertadora. Sendo assim, o pedagogo não busca status. Ele assume a pedagogia como lugar da ternura. “A ternura é força, sinal de maturidade... e desabrocha somente em um coração livre, capaz de ofertar e receber amor” (ROCCHETTA, p. 9, 2002).

Aqui não se trata de uma questão teórica, mas é um desafio urgente e necessário para o nosso cotidiano escolar. Por isso, a questão que não pode faltar: Como deixar desabrochar a ternura no coração da escola?

A pedagogia da ternura precisa de um método que revolucione o coração humano. Nesse sentido, pode-se usar a reflexão como instrumento que faça o sujeito pensar no melhor jeito de ser feliz. É simplesmente deixar desabrochar a ternura.

A pedagogia da ternura tem sua gênese em um coração que sabe amar, respeitar e solidarizar-se com o outro. Quem assume essa pedagogia define-se como teórico da ternura. E decide seu compromisso libertador com os mais vulneráveis, oprimidos e excluídos. Esse compromisso é fortalecido na proximidade com aqueles que foram classificados como descartáveis. Com eles encontramos novas experiências que não se encontra nos espaços dos opressores.

A pedagogia da ternura é um método reflexivo que sinaliza para uma vida comprometida com o amor. Uma pedagogia que não reprova, simplesmente ama.

Referência bibliográfica: Rocchetta, Carlo. Teologia da Ternura: um evangelho a descobrir. Lisboa. – São Paulo: Paulus, 2002.