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fevereiro 18, 2024

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Val da Costa – Jornalista e Escritora Ontem eu me apeguei à vida, essa vida bandida, que me maltrata e me acaricia, mas que exige meus alertas.

Val da Costa - Jornalista e Escritora

Ontem eu me apeguei à vida, essa vida bandida, que me maltrata e me acaricia, mas que exige meus alertas. E eu segui agarrada nessa urgência de ser até chegar no hoje.

Nem sei que horas eram quando avistei dona Rita e seu Clemente. Ela trazia um sorriso incrustado nas rimas engraçadas, o outro uma gargalhada entre a lembrança e a saudade.

Que teriam para me ofertar, se não amor e alegria?

Corri e peguei as estrofes de dona Rita no ar para gaitar com ela. Claro que ela nos levou para seu lar! Abriu a porta dizendo: “- Bem vindas ao meu apartamento!” E nós agradecemos, lógico, e já fomos ficando boquiabertas com a quantidade de bichos de pelúcia!

Eles por todos os cantos e nós no canto, a apreciar seus mais de 500 tipos de bichinhos de pelúcia. Nos sentimos lisonjeados em pegar nos gatinhos, aves de rapina e ursos polares, todos limpíssimos! Afinal, nem a única bisneta ainda criança de dona Rita tem autorização para fazê-lo.

Uma pessoa inesquecível que nos transporta para outras possibilidades de convívio em busca da paz ou de um preenchimento de coisas que gostamos.

Já o seu Clemente, gosta de colecionar chapéus, mas não tem muitos. O encontramos com um de couro, de vaqueiro. Para as fotos, ele achou melhor trocar por este tipo Panamá. Simpático e bem comunicativo, ele disse que prefere levar a vida com alegria.

Os três filhos ligam pra ele todas as noites, dizem como estão e perguntam por ele. Isso é a dose de sossego diário desse homem sorridente e gentil. É verdade que as vezes perde o sono por causa do Flamengo, mas “depois recupera”.

Apesar de que, ele tem as dores também, como as perdas da esposa e de um filho, que o deixam emotivo e choroso. Mas quando vê que já falou essas tristezas, ele dá um sorriso e diz: “- É a vida, né?” E seguimos proseando.

O assunto predileto dele é o pé de bucha que ele plantou e já sobe em direção ao telhado da casa. “ - Eu tomo banho com bucha de mato desde menino. Ai, dou um jeito de plantar e deu certo!”, comemorou, mostrando a pele lisinha do rosto, que parecia ter levado uma skin care de tão viçosa!

Esse idosos são moradores do condomínio Cidade Madura, que dá moradia com atendimento médico, social e cultural.

Condomínio exclusivo oferece refúgio para idosos na Paraíba, a Cidade Madura tem 40 casas que são disponibilizadas apenas para idosos. Condomínio não tem cuidadores, mas oferece funcionários de apoio.
“Esse condomínio é um paraíso pra mim. Tem pessoas que não gostam, mas eu acho isso aqui muito importante. Nós somos muito felizes aqui, temos todo o conforto que nós necessitamos para ter uma velhice sadia e até para alongar um pouco a nossa vida. Tenho tranquilidade. Durmo sabendo que amanhã eu vou estar no mesmo lugar, com esse ar puro, esse conforto”, relatou Sílvio Camacho, de 68 anos, e Rosa Maria, de 55, que encontram um refúgio para envelhecer juntos. Fotos G1 Paraíba

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