O SHOW DE TRUMAN E O MITO DA CAVERNA

janeiro 29, 2023

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa O Show de Truman (1998), filme dirigido por Peter Weir e com roteiro de Andrew Niccol, nos dá uma mostra de como vive a sociedade contemporânea, sem se dar conta daquilo que acontece ao seu redor.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

O Show de Truman (1998), filme dirigido por Peter Weir e com roteiro de Andrew Niccol, nos dá uma mostra de como vive a sociedade contemporânea, sem se dar conta daquilo que acontece ao seu redor. A história retrata a vida de Truman Burbank (Jim Carrey), um corretor de seguros, que vive, sem saber, uma existência criada para dar audiência a um programa de televisão. Qualquer semelhança com o BBB é mera coincidência.  Desse modo, milhares de câmeras e milhões de telespectadores em todo o mundo, acompanham a vida de Truman, durante 24 horas desde que ele nasceu.

Tudo se passa na Ilha de Seahaven, onde foi criado um enorme estúdio de TV para dar vida ao reality show, onde Truman é o personagem principal. Seus familiares, sua esposa, seus amigos e todos os habitantes da cidade compõem um grande elenco, comandado pela equipe de Christof (Ed Harris), o criador do programa que mobiliza toda a população diante da telinha da TV.

As coisas começam a sair dos trilhos, quando Truman encontra por acaso, um homem na rua e tem certeza de que ele é seu pai – figura que ele acreditava ter morrido em um acidente de barco. Mas o corpo jamais foi encontrado. Este episódio e o recorte dos olhos de uma mulher, extraído de uma revista são elementos suficientes para modificar a vida de Truman.

Descontente com seu trabalho, ele quer conhecer novos lugares, mas é sempre impedido pelo produtor, que faz uso de outros personagens para mantê-lo preso naquele cenário. Deste momento em diante, o filme passa a mostrar o lado sombrio de uma mídia ambiciosa por Ibope, que não se importa com a liberdade e a vida das pessoas, transformando a existência de Truman em mera cena de um programa de TV. O programa agrada aos telespectadores que passam a comprar tudo o que é divulgado pelos personagens.

É quando Truman passa a observar a rotina dos habitantes da cidade e decide fazer uma viagem. No dia seguinte, ele decide investigar o que está acontecendo e vai até o local de trabalho de sua esposa, mas aparentemente está tudo normal. Ele decide, então, comprar uma passagem para uma cidade distante, mas não consegue. Resolve ir para Chicago, mas o ônibus quebra.

É como se tudo conspirasse para que ele viva aquela vida de cinema, onde tudo acontece contrariando suas escolhas e vai obedecendo às escolhas do produtor. Ele sai da ilha, mas percebe a armação quando chega num suposto vazamento nuclear, onde é detido e aparentemente sedado.

Finalmente Truman consegue descobrir a farsa em que sua vida foi transformada e decide deixa-la para viver verdadeiramente, fazendo suas próprias escolhas.

O Mito da Caverna, também conhecida como Alegoria da Caverna, foi escrita por Platão e encontra-se na obra intitulada A República (livro VII). Trata-se da exemplificação de como podemos nos libertar da condição de escuridão que nos aprisiona através da luz da verdade.

Segundo o texto, existe um muro alto separando o mundo externo e uma caverna. Na caverna há uma fresta por onde passa a luz exterior. No interior da caverna permanecem vários seres humanos, que nasceram e cresceram ali.

Eles estão de costas para a entrada, acorrentados, sem poder locomover-se, sendo forçados a olhar somente a parede do fundo da caverna, onde são projetadas sombras de outros homens que, além do muro, mantêm acesa uma fogueira.

Um dos prisioneiros decide abandonar essa condição e fabrica um instrumento com o qual quebra os grilhões que o prendiam. Aos poucos, vai se movendo e avança em direção ao muro e o escala. Com dificuldade, enfrentando vários obstáculos, ele consegue sair da caverna, descobrindo não apenas que as sombras eram feitas por homens iguais a ele, mas que lá fora existe luz, natureza, um mundo cheio de cores, odores e sabores.

A Caverna de Platão pode ser considerada um cativeiro e os prisioneiros que habitam seu interior vivem um processo ilusório. Esta ilusão, os faz imaginar aquilo que é falso como verdadeiro. Qualquer semelhança com a realidade atualmente vivida no Brasil, não é mera coincidência.

Os comentários estão desativados.