O preço da vida

fevereiro 19, 2023

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Viver não é fácil.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

Viver não é fácil. E também não é barato. Aliás, o ato nascer já está custando a hora da morte, porque de acordo com a Associação Médica Brasileira (AMB), o custo de um parto particular no Brasil, custa em média, 15 mil reais. Este valor cobre todos os custos dos serviços de atendimento médico, estrutura hospitalar, acomodação, taxas extraordinárias e acompanhante. Como se vê, nascer custa caro. O curioso é que, apesar do preço, nascem crianças todos os dias, por esse mundo a fora.

Mas, se alguém imagina que morrer custa pouco, está redondamente enganado. O custo de um funeral varia de três a 10 mil reais. Tudo vai depender da situação econômica da família do morto. A morte é, sem sombra de dúvida, um momento muito doloroso, no qual as famílias precisam chorar a dor da perda de um ente querido e ainda amargar os custos com a cerimônia de despedida.

Perder alguém a quem amamos é um momento muito triste para o qual ninguém está preparado. Porém, como o Brasil está envelhecendo e as vagas de estacionamento para idosos se multiplicando por todos os lugares, é bom estar prevenido para não ser pego de surpresa.

Eu, como sou bastante precavida, já pago meu Plano Funerário a vários anos. Não tenho pressa em partir para o Mundo das Ideias, embora sabendo que estou na fila e que sou uma forte candidata. Porém, como não pretendo furar a fila, e tampouco quero deixar minha família em maus lençóis quando chegar a minha hora, pago meu Plano Funerário religiosamente em dia.

Depois que nascemos, as dificuldades para continuar a sobrevivência também custam muito caro. Nada sai barato na luta pela sobrevivência: fraldas e outros produtos utilizados para manter um bebê, custam uma verdadeira fortuna. O valor de um pacote de fraldas, por exemplo, varia de 31 reais até 200 reais. O leite, então, nem é bom falar para não assustar os pretensos pais deste meu País Varonil.

O sujeito nasce, cresce e seus gastos para se manter vivo só fazem aumentar. Estudar custa caro, comida custa caro, vestir-se custa caro. Enfim, tudo é muito caro. Quando finalmente a pessoa compra sua casa própria desfruta de uma alegria enorme. Até perceber que o imóvel jamais lhe pertencerá completamente, porque a prefeitura cobra anualmente uma taxa de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), que é um absurdo de dinheiro.

Esse imposto, como a maioria deles, é injusto. Ora, uma pessoa compra um terreno com a maior dificuldade, constrói uma casa com mais dificuldade e ainda precisa pagar IPTU. De acordo com os governantes, este imposto é cobrado para que a prefeitura tenha condições de realizar obras na rua e no bairro onde o imóvel está localizado.

É importante destacar, que esta afirmação só é válida, porque está escrito em algum lugar. Na prática, porém, ela parece não existir. Eu moro em um bairro do qual a prefeitura pouco lembra e que acumula muitos problemas. O pior é verificar que todo ano a prefeitura aumenta o valor do imposto, mesmo sem qualquer alteração no imóvel e sem que as obras sejam realizadas na rua ou no bairro.

A mesma coisa ocorre com a compra de um automóvel. Toda a criatura que adquire um carro, moto, caminhão, ônibus ou similar, é obrigado a pagar o Imposto Sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA). A desculpa também é bonitinha: o IPVA é cobrado para a recuperação das estradas. Enquanto a população paga o referido imposto, a quantidade de buracos pelas estradas só faz aumentar.

Tudo isto sem contar que neste Brasil de Nosso Senhor Jesus Cristo, cada cidadão precisar pagar tudo em duplicidade, se quiser dispor de um serviço de qualidade em qualquer área. É assim com a saúde, educação e, especialmente com a segurança.

Como vemos, o preço da vida é bastante alto e nossos governantes ainda acham pouco e ficam criando mais impostos e mais penduricalhos para o Zé Povinho pagar. Mas, nos resta uma pequena fagulha de esperança: O melhor vai começar!

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