O esporte em São José de Mipibu na década de 60
CRISTÓVÃO CAVALCANTE – Pesquisador da história de São José de Mipibu (atualmente radicado no Rio de Janeiro) Na década de 60, São José de Mipibu tinha dois times de futebol: o Arsenal Esporte clube e Associação Mipibuense.
CRISTÓVÃO CAVALCANTE - Pesquisador da história de São José de Mipibu (atualmente radicado no Rio de Janeiro)
Na década de 60, São José de Mipibu tinha dois times de futebol: o Arsenal Esporte clube e Associação Mipibuense. Diferente de hoje, naquela época, não existiam preparadores físicos, treinadores... O aquecimento dos atletas, antecedendo o jogo, era na quadra de voleibol e no campinho de futebol mirim, do lado da cigarreira próximo a Escola Barão de Mipibu, pertencente o saudoso Sebastião Amaral.
Como não tinha treinador, preparador físico, algumas pessoas simples, abnegadas com o futebol, como o sapateiro Moizaniel de Carvalho, que se doava e tinha um amor incondicional pelo Arsenal Spot Club. Outro abnegado era João Mathias, que amava o time do Arsenal e o futebol de Mipibu.
Uns minutos de toques de bola e os jogadores selecionados, se dirigiam ao campo de futebol e, no próprio lugar, recebiam as camisas e chuteira para defender o seu clube. Atletas dos dois clubes mipibuense, eram selecionados para compor a Seleção de São José de Mipibu.
Os jogadores faziam o preparo físico, no Campo do Arsenal, logo cedo, a partir das 5h da manhã. Os rapazes, que acordavam mais cedo, passavam nas casas dos colegas dorminhocos, gritando pelo seu nome que aparecia na porta, ainda sonolento.
Certo dia, Joilton (filho de Zé das Bicicletas) resolveu ir, também, para o campo com o grupo. No campo trocou a roupa pelo uniforme do clube de futebol, deixando a calça e camisa próximo a trave e foi se exercitar. Terminado o treino, buscou suas roupas. De repente o homi virou uma fera e queria brigar por terem mijado sua roupa. Um sufoco para convencer, que ninguém havia urinado, e que o molhado era proveniente do orvalho.
Aí o bicho pegou! Não teve jeito, Joilton cerrou os punhos, gritando: "- Quero saber, quem é esse tal de "aruvaio". Tentando pacificar o brigão, explicaram que não era aruvaio e sim orvalho, vapores d'água presentes no ar, em forma de gotícula que caem do céu e molham. Só assim ele se acalmou.
Até hoje, alguns mipibuenses lembram dessa resenha.
OS CRAQUES DA ÉPOCA
Quando havia um jogo em Mipibu, de um time de futebol de outra cidade, a equipe da terrinha teria de ganhar de qualquer jeito. Se perdesse, geralmente, começava uma porrada entre os atletas e dirigentes. À noite, do mesmo dia, a turma amante de futebol se reunia em torno do Cruzeiro, no largo da Igreja Matriz. A resenha era muito divertida e ríamos com os comentários.
Eis os nomes de alguns craques conhecidos, na época: goleiro Buchudo, Segundo, Eliel Amaral e Cabelo. Atletas de linha: Luiz Amaral, Valdir Naval, Carlos Rosquinha, Carlos (do Capitão Enoque), Galego Amaral, Nay, Carlos Jorge, Manelito, Milton (de Vital), Sebastião (zagueiro), Assis Manga Rosa, Aladim, Geneide, Paulo Gonzaga, Piaba, Capim, dente outros.
VOLEIBOL
Na época, o monsenhor Antonio Barros construiu uma quadra de esportes para diversão da juventude. Mas, só era permitido utilizá-la das 20h às 22 horas.
Sem outra opção, utilizávamos um espaço de chão batido, em frente a Escola Barão de Mipibu. Essa nossa "quadra de areia", era para jogar voleibol e futebol mirim, geralmente à tarde, contando com 'torcedores' que acompanhavam as partidas. O futebol mirim, foi muito importante, revelando muitos bons jogadores de futebol de salão e de campo, em São José de Mipibu, entre os quais: Ariomildo (Lelé), Geneide (o Raio), Deto (de Zé de Couto) José Estevão Segundo, Geraldo Urubu, Didico Avelino, Café, Milton de Vital, Francisco Canindé Maciel, Sukiake, China, Piaba, Manoel Augusto, Chico de seu Padre, além dos jogadores menos habilidosos, entre eles, eu (Cristóvão Cavalcante) e Toinho Fagundes...
Quando o jogo era de voleibol, os atletas que se destacavam eram: José Hilton Gurgel, Elpidio Gurgel, Ubirajara Dias, Mauro Medeiros entre outros.
GOLEIRO REVELAÇÃO
Eu, não tinha habilidade nenhuma com a pelota, seja que modalidade fosse. Era uma frustração grande. Certa noite na quadra de futebol do padre, ocorreu uma partida de futebol de salão com um time de Natal. O goleiro, de nome Pata Grossa, do time visitante "fechou o gol".
Dias depois, o mesmo time natalense veio jogar em São José de Mipibu. Muitos queriam conhecer "Pata Grossa". Mas, a frustração foi total: o goleiro não veio acompanhando a equipe. Sem goleiro, fui chamado para substituí-lo no gol. Para minha sorte, a única bola chutada no gol, foi um "canhão" que, literalmente, voei na bola e defendi o gol.
O time mipibuense venceu a partida. Mas, a notícia de ter substituído, a altura, o goleiro Pata Grossa se espalhou em Mipibu: Passei a ser o "goleiro revelação". Vaidade à parte, fiquei muito feliz e contente com o reconhecimento de meus conterrâneos.
Em São José de Mipibu havia vários times de futebol de salão, inclusive, um de Ismael Alves, que me contratou, para ser arqueiro do seu time. . Tudo certo, todos queriam ver o goleiraço. Me deram a camisa do time e fiquei parecendo um goleiro.
Primeiras movimentação da partida, a primeira bola, que chutaram, foi gol. No final, levei 12 gols. A minha esperança de me prosseguir como futebolista, terminou ali. Decepção danada para o "goleiro revelação". Um dos meus professores que assistiu a goleada me falou: "- Garoto, esquece o futebol, teu esporte é outro".
ATLETAS QUE SE REVELARAM NO FUTEBOL MIRIM
Nesse período, alguns atletas mipibuense se destacaram no futebol mirim, entre eles: Zezinho (de Zezé, Tamires), Assis Manga Rosa, Botafogo, Luiz Amaral, Raimundo (da Mazapas), Carvalho, Cabelo, Maraco, Carlos Rosquinha, China, Capim, Vavá Gonzaga, Peixinho, Uitu, Nezinho Miranda, Manelito, Eduardo (de Zezé), Nino, Janilson Ferreira ('Caverinha'), Buchudo, Zé Valter...
Outros craques eram, Carlos Jorge e Carlinhos (do Capitão Enoque), eram cracaços de bola. Vieram para somar e abrilhantar os nossos times e a Seleção de São José de Mipibu.
ESDRAS DE SOUZA
Entre os atletas futebolistas da década de 50, gostaria de mencionar nosso saudoso Esdras de Souza. Era um atleta elegante e por isso era chamado "Beline de Mipibu" (Beline foi um futebolista brasileiro, capitão da Seleção Brasileira de Futebol na conquista do primeiro título mundial, em 1958).
Esdras se apresentava nos jogos, impecável, com o cabelo penteado, afixado com brilhantina, as chuteiras engraxadas e o uniforme bem passado. Ele ficava envaidecido por ser comparado ao Beline. Reconhecendo seu trabalho como desportista, é o patrono do Ginásio Poliesportivo da cidade, antes, com o nome Arlindão.
Boas recordações. Numa das fotos vejo Carvalho (Chico campeão), agachado, na frente de Nay. Jogava muito!
Peço desculpas se errei o nome, mas, acho que era Carvalho mesmo.
Realmente. Claro, ele mesmo.