O BATOM VERMELHO: A ARMA MORTAL DO SÉCULO XXI
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Naquela manhã de outono, a praça central da cidade de Aveloz pulsava com a energia tropical.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Naquela manhã de outono, a praça central da cidade de Aveloz pulsava com a energia tropical. O céu estava limpo e o tráfego se arrastava devagar, como sempre. Mas naquele dia, algo no ar parecia diferente, como se uma ameaça iminente estivesse prestes a se revelar. Em meio ao burburinho incomum, os moradores e turistas tiveram os olhares desviados para a estátua de um ilustre herói local, que ostentava uma ousada e vibrante marca nos lábios feita com um batom vermelho escarlate, de tonalidade incandescente.
O batom vermelho, reluzente e inconfundível, parecia um simples cosmético, mas para os desavisados, esse era o objeto mais perigoso que alguém poderia carregar. Uma mulher ousada teve o descaramento de beijar a boca da estátua, deixando a marca do seu batom vermelho escarlate.
A mulher de batom vermelho, desconhecida naquelas paragens, caminhou com passos firmes e um olhar calculista. Cruzou a rua e, sem qualquer pudor, tascou um beijo lascivo na boca da estátua. A mulher estava ali de passagem e seu gesto foi considerado como um ato transgressor, ofensivo, agressivo e insano.
Antes de beijar a estátua, ela sorriu discretamente, sem fazer alarde, como quem sabe exatamente o que está fazendo. O efeito foi instantâneo. A cidade parou, mas ela continuava impassível como se aquela afronta que acabara de fazer não lhe dissesse respeito.
Para os moradores, sua atitude foi despudorada. Um ato ultrajante praticado contra um patrimônio público. Um desrespeito à memória do herói local e ela merecia uma punição exemplar, para que ninguém mais ousasse repetir tal gesto.
A indignação tomou conta da população de Aveloz, inflamou as redes sociais e a prefeita da cidade, pressionada pela opinião pública e sem outra alternativa, decretou que a ofensa deveria ser punida.
Desse modo, o crime do batom vermelho escarlate foi lavado com água e sabão neutro. A vibrante cor escarlate escorreu pelo bronze, dissolvendo a ousadia daquela estranha criatura. A mulher que se considerava uma artista, observava a cena com serena resignação, enquanto pensava; “A arte também serve para provocar”.
Apesar do crime praticado contra o patrimônio público ter sumido literalmente pelo ralo, a prefeita decidiu punir a autora da afronta de forma exemplar. Assim, levou o caso para ser julgado pelo Conselho Judicial do Município, formado por 11 juízes conhecidos como “Homens das Capas Pretas.” O Conselho Judicial considerou o ato de vandalismo extremamente danoso para a cidade e o gesto não poderia ficar impune.
A mulher do batom vermelho foi considerada como inimiga do patrimônio público sendo punida com 30 anos de prisão em regime fechado. Ela ainda teria que pagar uma multa no valor de 50 mil libras esterlinas, para que jamais, em tempo algum ela ou outro indivíduo qualquer pensasse em repetir aquele ato.
Apesar do crime ter sumido literalmente debaixo d´água, a discussão persistiu, de forma que o batom vermelho deixou uma marca indelével na memória dos moradores daquela cidade. Os moradores estavam com medo, mas o que eles temiam não era o batom. Era o que ele representava. Era o poder invisível que aquele simples cosmético detinha.
No final das contas, a população considerou que a punição imposta pelo beijo que a moça deu na estátua com seu batom vermelho foi por demais exagerada e articulou um movimento para tirar a prefeita do seu cargo.
A prefeita se sentindo ameaçada, contratou uma banda de rock, organizou uma grande festa distribuiu pizza para todos os moradores e o caso caiu no esquecimento. Só a moça do batom vermelho continua presa no Presídio Municipal, privada de usar seu batom vermelho – a arma mortal do Século XXI.

Hoje, os homens da Capa Preta, procuravam com velas acesas o crime brutal de uma exelente parlamentar. Só que a bandeira tinha um ponto fixo e obsecado. Muito fizeram pra direcionar a um alvo previamente direcionado. Mil fraucatuas nas investigações, o desejo de punir não seria a punição aos verdadeiros criminosos e sim: Ao previamente acusado. Descoberto os verdadeiros mandantes, o interesse esfriou e o crime brutal perdeu força. Agora nossa querida palamentar, terá um cantinho de paz no Reino da Glória. Os verdadeiros criminosos, estão sendo posto em liberdade. Eles não serviram pé o prato principal do banquete armado supostamente.