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janeiro 7, 2024

O ano mudou; e quanto a nós, mudamos?

Cefas Carvalho – Jornalista e escritor Feliz ano novo para quem está lendo estas mal traçadas linhas.

Cefas Carvalho - Jornalista e escritor

Feliz ano novo para quem está lendo estas mal traçadas linhas. Tudo de bom nesse 2024, muita saúde, paz, amor, felicidade e sucesso, não necessariamente nessa ordem, claro, afinal cada um em suas prioridades e sistema de valores. O que importa é que chegamos aqui, o que, claro, carrega seus simbolismos, como é para ser, mesmo sabendo que, como diz a letra de Humberto Gessinger, "o último dia de dezembro é sempre igual a primeiro de janeiro".

A chegada de um ano novo nos leva sempre a famigerada lista de resoluções. Já caí nessa armadilha, como todo mundo. Já produzi listas elaboradas, numeradas, algumas afixadas no mural de recados ou mesmo na geladeira. Algumas flertavam com o abstrato (ser mais paciente, me estressar menos) outras com a utopia mesmo (trabalhar menos, fazer mais exercícios, ser uma pessoa melhor - algo também abstrato). As mais bem sucedidas eram as que se detinham no cotidiano (consertar um móvel, ligar para três ou quatro velhos amigos, rever esse ou aquele filme).

"Este ano investi em arrumar as estantes de livros"

Este ano investi nisso, em praticidades: limpar a geladeira, arrumar as estantes de livros, marcar cafés com pessoas queridas, mais pizza com os filhotes. Além de já estar velho para crer em mudanças drásticas "na marra" por causa de uma virada de ano, já me convenci que a vida é feita de pequenas coisas. Deus, se existir, está nos detalhes, diz o ditado e o poeta.

Há o mundinho concentrado em nosso umbigo, claro, mas também existe o Mundo lá fora, o coletivo: desde as guerras (Rússia contra Ucrânia) como genocídios (Israel contra o povo palestino, em Gaza) que tiram vidas de tantos inocentes, crianças, mulheres, idosos, civis em geral.

Se a geopolítica sangrenta entristeceu 2023, no Brasil o ano foi marcado pelo Governo Lula, por voltarmos a ter um presidente que preside, com diálogo, empatia pelo seu povo, sem agressões a jornalistas e minorias, sem motociatas, sem negar vacinas. Enfim, 2023 marcou o resgate da sempre frágil democracia brasileira, que parecia estar nos escapando pelos dedos. Que em 2024 quem conspirou contra as instituições e insuflou golpe de estado seja punido com as penas da lei.

Posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023 Foto: CNN Brasil

Voltando ao meu umbigo, havia planejado escrever um epitáfio para 2023, falar das perdas e dos ganhos, dos (re) encontros e desencontros, conquistas e decepções, mas isso que chamam de vida real (ou talvez uma hiperatividade minha na reta final) impediram esse "textão", como se diz nas redes. Talvez tenha sido melhor assim. No frigir dos ovos e passada a régua não tenho que reclamar do meu ano que passou.

Só me resta agradecer ao Universo e convidar para uma reflexão até já feita nas redes sociais e textos por aí: o ano mudou, mas, nós, ano individual como coletivamente, mudamos? Ou não percebemos que o mundo só muda se mudarmos?

Afinal, de que vale desejar feliz natal e próspero ano novo ou vestir roupa branca pedindo paz se não damos bom dia ao porteiro do condomínio ou fechamos o vidro do carro quando o menino vem vender chicletes para conseguir dinheiro para comer?

Um ano novo melhor começa dentro de nós. Comecemos. Enfim, feliz ano novo. De novo. Sigamos.

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