Ana Cláudia Trigueiro - Escritora e Psicóloga

Considero um primeiro presente poder comemorar meu niver em um dia tão significativo quanto o Domingo de Páscoa, porque a data representa um renascimento e porque é comemorada após a primeira lua cheia do outono, no Hemisfério Sul.

Cinquenta e uma estações, sendo elas de alegres verões, instáveis outonos, afetuosas primaveras e invernais tristezas, trazem reflexões. Pelo menos para pessoas como eu, naturalmente propensas a fazer da existência uma fonte de divagações.

Me ponho a pensar, por exemplo, no que mudou de uns anos para cá, em relação à qualidade de vida que tenho desfrutado. Na minha saúde, nas minhas escolhas e nas consequências dela.

Penso na vida profissional: devo continuar cindida entre a escrita e a psicologia ou saltar e mergulhar no fascinante e instável mar da literatura? Se decidir fazer isso, como sobreviverei escritora em um dos menores estados do nordeste? To be or not to be...

Penso e sigo vivendo. Sei que estou mais velha de corpo e de mente. Os cabelos estão mais brancos e o coração vai perdendo o tom intenso da mocidade, dando lugar a uma nuance que combina bem com a leveza que quero para mim a esta altura da vida.

Mas ainda há juventude aqui dentro. Percebo isso sempre que estou com tempo livre. A vida me encanta em muitas situações. Como quando estou perto do mar, ou com amores e amigos, rindo das coisas engraçadas que a vida faz com conosco. Quando leio poemas, balanço na rede e assisto séries com a família no tempo livre. Ou quando ouço "Catedral" da Zélia Duncan, a música preferida.

Quando escrevo crônicas como esta, a vida é uma beleza.

Pensei em acordar bem cedo e ir à praia, mas o tempo conspirou contra o passeio, então, esperei que houvesse um temporal porque pretendia tomar banho de chuva, como fazia na infância com meu avô menino. Adoro chuva!

Fiz pães.

Li na minha redinha.

Escrevi? Não deu tempo.

Recebi os mais chegados, beijos e abraços, risos e emoção.

A vida é boa afinal.

Obrigada a todos pelas felicitações!