MEDO: UM INQUILINO SILENCIOSO

janeiro 5, 2025

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa O medo é um sentimento que vive dentro de cada ser humano.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa

O medo é um sentimento que vive dentro de cada ser humano. É um hóspede indesejado que se instala em nossas mentes, sem nos pedir permissão e em alguns caso não podemos mandá-lo embora. Ele chega sorrateiramente, se esconde nos cantos escuros de nossas consciências e nos acompanha durante toda a vida.

Ele é o primeiro a acordar, o que faz antes do sol nascer, e o último a dormir, porque o faz logo após o crepúsculo. Sua presença é uma sombra constante, um peso que carregamos em nossos ombros. O medo nos faz questionar tudo, duvidar de nossas capacidades e nos leva a buscar refúgio em ilusões de segurança.

Ele se manifesta de diversas formas:  o medo da perda, que nos faz agarrar-nos a tudo e a todos. O medo da rejeição, muitas vezes nos impede de expressar nossos verdadeiros sentimentos. O medo da morte, nos faz buscar significado em uma existência efêmera.

O medo da morte pode ser uma resposta à consciência da nossa própria mortalidade. Este medo pode nos levar a viver uma ansiedade existencial. Ele também pode nos levar à perda de controle, uma vez que a morte representa uma perda total de controle sobre o corpo e a vida. Este medo nos leva a temer a separação com nossos entes querido.

Ele pode ser paralisante nos impedindo de viver plenamente, de amar sem reservas e de sonhar sem limites. Como afirmou o filósofo Epicuro, "Não é a presença do medo que é ruim, mas a sua ausência de limites."

No entanto, é possível conviver com esse inquilino silencioso. Podemos aprender a controlá-lo, a entender suas raízes e a transformá-lo em uma força motriz. Como disse o psiquiatra Carl Jung, "Um dos principais objetivos da terapia é ajudar o paciente a enfrentar seus medos."

O medo da morte é uma das experiências humanas mais universais e complexas. Ele pode ser influenciado por fatores culturais, religiosos, filosóficos e pessoais. Nos aspectos filosóficos podemos destacar o pensamento de Epicuro. Ele nos ensina que "A morte não é nada para nós, pois quando estamos aqui, a morte não está, e quando a morte está, não estamos mais aqui." Para J.P.Sartre, "A morte é o fim da nossa liberdade." Para Heidegger, "A morte é a possibilidade mais própria e irrepetível."

Para o Cristianismo, a morte nada mais é do que a transição para a vida eterna. No Budismo, a morte é parte do ciclo de renascimento. Para o Islamismo, a morte é apenas o julgamento divino.

Para superar o medo, é importante reconhecê-lo e aceitá-lo, entender suas causas e raízes, desenvolver estratégias de convivência com ele, buscar apoio emocional e cultivar a resiliência.

Precisamos, portanto, construir algumas estratégias para lidar com o Medo da Morte, por exemplo. A primeira delas passa pela aceitação. É preciso reconhecer que, como nos ensina Sartre, o ser humano é o único ser vivo que tem conhecimento de sua finitude. Desse modo, é importante reconhecer que a mortalidade humana é parte da nossa vida.

Devemos focar no presente e viver o momento atual, fortalecer nossos relacionamentos, encontrar um sentido para a nossa vida, bem como explorar crenças e práticas religiosas.

O medo é um companheiro constante, mas não precisa ser nosso carcereiro. Podemos aprender a conviver com ele, a entender suas manifestações e a transformá-lo em uma força positiva. Como disse o poeta Rainer Maria Rilke, "O medo é o começo da sabedoria."

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