Val Costa - Jornalista e Escritora

Quando eu escolhi esse nome pensei na sonoridade dele. Pensei nos reggaes que gostava de ouvir e em Bob Marley (1945-1981), claro. Pensei “tem a palavra mar, que nos remete a um estado de natureza arrebatador, e tem a palavra ley, que lembra regra, algo ou alguém a ser seguido… um termo fluido, adaptador, e outro rígido, modelador. Para que assim ele seja, meio amor e meio razão”.

Teve até uma pequena discussão na hora de levar seu nome para registrar em cartório! O povo fazia um assombro com esse nome…

“ -Quem é esse Bob Marley? Um negro? Mas ele já morreu, né? E se ficarem chamando Marlêy, que é mais feminino? E se o povo não souber chamar? É um sobrenome, sabia?”

E eu escrevendo seu nome num pedaço de papel, EM CAIXA ALTA, para ninguém modificar: MARLEY LUCENA MARTINS. Aí pai disse:

“ -Não era melhor colocar então Marley DE Lucena Martins, ou Marley Lucena DE Martins não?” E eu apontava para a escrita que eu tinha feito e disse:

“- O senhor soletre todas as letras desse nome, viu? Não deixe sombra de dúvida sobre a escrita dele, que esse pessoal de cartório é danado pra escrever nome errado!”.

Pedi para o pai da criança ir junto, já para garantir um olhar mais atento e cuidadoso nessa hora. Mas deu tudo certo. Você foi registrado no cartório de Jardim do Seridó, antes de sair da maternidade.

Quando você era criança, acho que viviam falando sobre esse seu nome por onde você passava. Uma vez sua tia Dai disse que notava que seu avô paterno chamava você de Marlííí e sua avó paterna, de Marlêêê e achei bem engraçado.

Um professor da faculdade (porque eu era dessas de levar criança pra faculdade nas atividade de menos concentração) olhou pra você e disse:

“- É um nome inglês, sabia?”

Eu disse que pensava ser jamaicano. Aí, ele me contou uma história desse sobrenome, que tinha assistido a um documentário sobre Bob Marley, que era, antes de tudo um religioso, que compunha muitas músicas para o Deus, da religião rastafari, Javeh ou abreviadamente Jah. E essa aula reveladora foi dada por um professor que era o padre Ribamar.

Atualmente, fazemos buscas pela Internet sobre o significado dos nomes. O seu tem uma essência bem apreciada por nós.

“O nome Marley tem origem no inglês antigo e apresenta três possibilidades de étimo, todas elas toponímicas (indicativas de nomes de lugares). De Merlegh, o nome indica uma fronteira numa zona rural. De Marille, um local agradável localizado numa zona rural. De Mardelei, significa “da floresta de martas”. Originalmente, Marley é um sobrenome que distingue as pessoas de acordo com o local de nascimento ou de habitação. Além de toponímico, o nome é categorizado como unissex no Brasil e já usam até em animais de estimação.” Fonte: Dicionário de Nomes Próprios.

Fiz esse preâmbulo todo só para lembrar a você que a sua vinda na Terra não foi planejada nem nada. Mas parece que eu acertei ao colocar esse nome. Parece que ele casa bem com seu jeito, sua vida. Não tenho certeza porque é algo meio que lotérico acertar um nome de um ser humano que ainda vai crescer e formar sua personalidade. E muitos nomes moldam mesmo as características próprias de quem os recebe.

Enfim, essa é a história do seu nome, um nome que eu escolhi e enfrentei tropas de ignorantes e preconceituosos para te dar. Levei bordoadas, mas trouxe-o como uma coroa e o coloquei na sua vida. Ofereci-o como um presente dos Reis Magos à Jesus recém-nascido. Acendi incensos de mirra ao lado do seu berço, levantei as mãos aos céus e te dei as boas vindas ao mundo com imensos sorrisos.

Só quero agradecer aos céus, aos deuses e deusas que devem existir em lugares fabulosos e distantes da nossa ceticidade, pela dádiva de ser mãe de um ser humano muito bom e cheio de sentimentos bons.

Grata pela maturidade e pela compreensão que muito poucos estão a me ofertar em determinados momentos. Grata pelo amor que sai dos seus olhos e me afaga a alma nessa travessia que é a vida. E parabéns por mais esse ciclo de um ano.

Desejo que o prazer de viver esteja sempre contigo.