Mão-de-obra cara e ruim
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Os direitos dos trabalhadores domésticos foram conquistados em 1972, com a criação da Lei nº 5.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Os direitos dos trabalhadores domésticos foram conquistados em 1972, com a criação da Lei nº 5.859. Esta lei reconheceu o serviço doméstico como uma função normal dentro do mercado de trabalho e a partir de então, ficou estabelecido que todos os empregadores teriam que assinar as Carteiras Profissionais e pagar seus direitos trabalhistas, assim como ocorre como os demais trabalhadores brasileiros. O serviço doméstico consiste no desempenho de atividades importantes e necessários para o bom funcionamento e manutenção da rotina diária dentro de uma residência, com o objetivo de facilitar a organização do ambiente familiar.
O mercado brasileiro é um dos que mais absorve a mão de obra doméstica, conforme dados publicados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Dados da Organização afirmam, que o Brasil emprega algo em torno de sete milhões de pessoas nesta função, fato que coloca o País no topo da empregabilidade para esta categoria de profissionais.
A lei, portanto, garante aos trabalhadores domésticos um salário nunca inferior ao mínimo vigente no País, Carteira Profissional devidamente assinada, direito a férias, décimo terceiro salário, enfim, todos os direitos assegurados aos profissionais. Eles ainda têm direito à alimentação, vale transporte, material de higiene pessoal e horário de repouso.
Particularmente considero mais do que justo que estes profissionais tenham seus direitos assegurados por lei, porém, é importante destacar, que esta é uma mão-de-obra difícil de encontrar e de se lidar. Sem contar que é muito cara. Isto porque a maior parte das pessoas que se dispõem às vagas existentes no mercado não possuem qualquer qualificação para o cargo. E pouco se preocupam com isto.
O pior é perceber que cada ser contratado, conhece na ponta da língua todos os seus direitos, mas fazem pouco caso em perceber e respeitar seus deveres e obrigações. Muitas das empregadas domésticas que conheço, fazem questão de postar nas redes sociais, as refeições dos lugares onde trabalham, num completo desrespeito à privacidade do ambiente.
Outro ponto que considero negativo nesta mão-de-obra, está relacionada à falta de economia com os produtos utilizados para a realização dos serviços. Empregadas domésticas esbanjam material de limpeza como se eles não custassem caro e como se não houvesse amanhã. O mesmo ocorre com os alimentos, que desperdiçam sem o menor constrangimento, já que tem muitas pessoas passam fome.
Durante a pandemia conheci uma, que resolveu usar luvas para a realização de qualquer tarefa dentro da casa onde trabalhava. No auge da pandemia, uma caixa de luva custava 100 reais. A criatura usava luvas para retirar lençóis das camas, só pelo prazer de usar as ditas cujas.
Em se tratando de Empregadas Domésticas, também existem aquelas que, mesmo sem qualificação desempenham um bom trabalho. Estas são criativas, responsáveis, econômicas e cuidam de nossas casas como se fizessem parte da família. Recebem e dão carinho através da elaboração de pratos mais gostosos e da forma como limpam a casa, as roupas, enfim, os cuidados especiais que dispensam aos membros da família.
Por sua vez, existem as que são descuidadas demais. Deixam para lavar a louça do café junto com a do almoço, enquanto a louça do jantar fica para o dia seguinte. Passar pano na casa sem antes varrer é erro recorrente ou varrer a casa e deixar o lixo acumulado no canto da parede é demais para a minha cabeça.
Sensibilidade à flor da pele é outro problema comum às empregadas domésticas. Elas se sentem o suprassumo da importância dentro do mundo, de modo que ninguém pode reclamar de algo que não foi bem-feito. Caso sejam chamadas à atenção por alguma razão, elas tremem os lábios, choram, botam as mãos nos quadris e pedem as contas. Se por acaso estiverem na TPM a situação fica mais dramática e pode até acabar no sindicato da categoria.
Portanto, cheguei à seguinte conclusão: Encontrar uma empregada eficiente é uma bênção. Uma boa empregada é como um anjo que Deus coloca em nossas vidas. Elas cuidam de nós, de nossa casa, de nossos familiares e de nossos pertences com zelo extremado. As outras são apenas uma mão-de-obra cara e ruim, preocupando-se única e simplesmente em garantir um salário no fim do mês.
Não tenho o que acrescentar à matéria. Se o fizesse, incorreria em redundância.
Já passei maus bocados devido às empregadas domésticas e seria capaz de produzir um livro contando somente os lances de furtos praticados por elas, inclusive um filmado por mim, em 1998.
Em qualquer atividade humana existem os bons e os maus exemplares. O problema é achar a minoria boa e separá-la da parte ruim…
Lamentável!