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fevereiro 4, 2024

Homenagem a meu irmão Renato Noé

Heráclito Noé – Professor e advogado Depois de 53 anos de luta, o gigante de pouco mais de 1.

Renato Noé, na foto, ao lado da sua irmã Edvirges, que o acompanhou em toda a sua trajetória.

Heráclito Noé - Professor e advogado

Depois de 53 anos de luta, o gigante de pouco mais de 1.60, se rendeu às circunstâncias. O meu irmão, Renato Noé, repassou o seu comércio, a Ótica Vênus, encravada na rua Ulisses Caldas, na Cidade Alta, numa atividade que manteve por mais de cinco décadas, motivado pelo descaso do poder público em relação àquela importante artéria da cidade.

A gigante C&A já partiu. Magalu se foi. Comenta-se que a Riachuelo seguirá o mesmo caminho.

Certamente você, meu amigo, minha amiga, vai alegar inúmeros outros fatores que levaram à decadência do comércio daquela localidade. E é verdade. A concorrência com os shoppings centers, o e-commerce, onde você recebe os produtos na comodidade e segurança de sua casa, fez com que inúmeros estabelecimentos populares fechassem as suas portas.

No entanto, cabe ao poder público oferecer respostas ante os desafios e as mudanças que ocorrem ao longo do tempo. Segurança, mobilidade, adequações urbanísticas, investimento publicitário, incentivos fiscais e culturais. Isso não ocorreu. Nenhum projeto de revitalização. Algumas iniciativas foram patrocinadas pelos próprios comerciantes.

A participação do meu irmão na Cidade Alta não se restringiu ao comércio de óculos e joias, o que só isso bastaria para escrever uma história de trabalho e dignidade. Ele mudou o desenho urbanístico da rua Felipe Camarão. Os mais antigos lembram que em frente à antiga livraria Poty, existia uma descontinuidade da calçada, um avanço irregular na rua, desde que Natal é Natal.

Ao adquirir um terreno, onde construiu uma pequena galeria com alguns pontos comerciais, a primeira providência de sua parte foi abrir mão de alguns metros de sua propriedade, para que a rua ganhasse os contornos que tem agora. Isso, em silêncio. Tomou essa atitude em nome do interesse público, porque facilitaria a mobilidade de veículos e de pessoas, além de corrigir um desenho urbanístico irregular.

Quem passa hoje por ali, nem sabe disso. Se você acha isso pouco, é bom lembrar que é comum ocorrer o contrário, o privado avançar sobre o patrimônio público.

A prefeitura de Natal fez pouco caso disso. Nenhum vereador lhe ofereceu um título de cidadania, sequer. Não tem nenhuma placa registrando esse fato e esse feito. Para ser justo, Sérgio Freire, filho do engenheiro Roberto Freire, que dá nome a uma das principais vias da Zona Sul da cidade, registrou num artigo na Tribuna do Norte, essa sua iniciativa.

Ele foi testemunha da obra, porque era dono de um estacionamento vizinho, encravado na própria Felipe Camarão.

Foi o único e honroso registro. E só.

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