FIGURAS MIPIBUENSES – Zé Moré, o famoso forrozeiro de São José de Mipibu
Este ano o sanfoneiro mipibuense Zé Moré será a personalidade homenageada no 33º São João em São José, pela Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Este ano o sanfoneiro mipibuense Zé Moré será a personalidade homenageada no 33º São João em São José, pela Prefeitura Municipal de São José de Mipibu, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Mas, quem é Zé Moré? Vamos descrever a história desse sanfoneiro, que já acompanhou artistas nacionais.
José Virgulino da Silva, apesar do sobrenome “Virgulino”, não tem qualquer parentesco com o legendário cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva - o Lampião. O nosso José Virgulino é popularmente conhecido na região, como “Zé Moré”, 68 anos. Natural de São José de Mipibu, nascido e criado no povoado de Laranjeiras dos Cosmes. Filho do servente de pedreiro 'seu' Antonio Virgulino da Silva e da dona de casa Josefa Cassimiro das Chagas (já falecidos).
Ainda criança, com oito anos de idade, foi morar na praia de Barra de Cunhaú, quando seu pai foi contratado pelo rico saileiro de Canguaretama, conhecido por Geraldo Vilarim, para construir uma casa de praia para veranear. Sempre ajudava o pai nas obras e por isso só pode estudar até a 4ª série do antigo primário.Ele lembra com saudade dos primeiros anos escolares, das brincadeiras na hora do recreio, na Escola Estadual "16 de Julho", na praia de Barra de Cunhaú.
Zé Moré, tinha um sonho de infância: Se tornar sanfoneiro como os que via tocando na feira de Canguaretama e nas festas de São João. A sanfona o deixava fascinado. Para perseguir seu objetivo ficava o tempo todo admirando como os sanfoneiros utilizavam os botões e teclados ao mesmo tempo, com as duas mãos e ficava observando como eles tocavam. “Pedi a meu pai que comprasse pra mim uma sanfona, para aprender a tocar. Meu pai comprou uma sanfona, depois que acertou no jogo do bicho. Ele jogou a milhar de cavalo - 1444" (dar uma gostosa gargalhada ao relembrar). A sanfona custou R$ 16 mil cruzeiros e fomos comprar uma, de segunda mão (usada), em Natal, a um profissional que consertava sanfona", relembra.
O talento de Zé Moré impressionava a todos porque nem mesmo a sanfona que pesava mais de seis quilos, o impediu de aprender a usar o instrumento. Simultaneamente, ele ajudava nas despesas de casa, vendendo banana, batata doce e outras frutas, nas portas das casas e nas feiras livres.
Sua primeira apresentação, lembra, como se um filme passasse em sua lembrança, ocorreu no Engenho Murim, no município de Canguaretama, por ocasião das festas de São João, no mês de junho, tradição que é comum na região Nordeste. “Formamos um grupo, com uma sanfona, triângulo e pandeiro. Ainda tinha o “melê (espécie de tambor). A apresentação foi um sucesso", comentou.
E continuou: “A partir daí, comecei a receber convites para tocar nas fazendas, casamentos, batizados, churrascos e nas campanhas políticas. Em 1968, vim fazer “showmícios” (shows em comícios) , a convite do saudoso amigo e político, o ex-prefeito Janilson Ferreira, na campanha política em São José de Mipibu. Também, toquei na campanha de Solon Ubarana,na cidade de Monte Alegre/RN. Naquela época de eleição, o showmício, ainda, era permitido”.
"Quando Janilson Ferreira ganhou a eleição, continuei tocando em eventos, no Centro Social de Laranjeiras dos Cosmes e na fazenda Lagoa do Fumo, sempre que era convidado uma pessoa para passar o dia na fazenda".
FORRÓ DA LUA
Sua ida ao tradicional Forró da Lua, onde mensalmente, em época de lua cheia se dançava o forró pé de serra com boa infra-estrutura, espaço tematizado para 1,5 mil pessoas com cenário 'casas de taipa/bar', igrejinha, praça... O lugar ficava no caminho da famosa Lagoa do Bonfim, a 30 km da capital. Shows de instrumentistas de renome nacional, como Dominguinhos, Elba Ramalho, Waldonys, Arnaldo Farias e outros sanfoneiros que rodam o Nordeste se apresentaram no Forró da Lua. O lugar chegou a ser notícia no famoso jornal New York Time, dos Estados Unidos.
“Através do fazendeiros Carlos Gondim, fui apresentado ao empresário Marcos Lopes, do Forró da Lua, que depois se tornou meu amigo. Toquei por dez anos, ao lado de nomes famosos como Dominguinhos, Elba Ramalho, Flávio José, Joquinha Gonzaga, Chiquinha Gonzaga, Arlindo dos Oito Baixos, Zenário, entre outros”.
Zé Moré lembra com saudades dos bons tempos do Forró da Lua, onde chegou a gravar quatro CDs e um DVD, com Dominguinhos e um outro com Joquinha Gonzaga e Luizinho Calixto, todos na casa de forró.
O sanfoneiro tem oito filhos e oito netos. Todos moram em Laranjeiras dos Cosmes, exceto Wénio Virgulino, com quem ele mora, em São José de Mipibu. Atualmente está aposentado pela Previdência Social mas, sempre recebe convites para apresentações de forró, serestas... Seu contato é: (84) 9997-2107.
Confidenciando ao O Alerta, disse: "Meu sonho é poder formar meu filho Wénio, que irá fazer o ENEM, em Engenharia Mecânica, se Deus quiser, quero ver meu filho formado em “Doutor”, antes de morrer”.
Zé Moré é visto diariamente, no posto de combustível JB, na margem da BR-101. Sempre que um veículo para para abastecer, lá vai ele, oferecer o CD com música de autêntico forró pé de serra. É assim a vida desse artista mipibuense.
Para Zé Moré, Prefeituras deveriam dar maior apoio aos artistas da terra, ao invés de contratar pessoas de fora, em determinados eventos”, declara.
É amigo que linda história de vida.
Cadê a maravilhosa lei Rouanet, esses artistas e os menos favorecidos artstas circenses e de ruas. Que são os que essa lei foi feita, mais não, só os medalhões artistas milionários, são favorecidos e os que realmente precisa, fica chupando o dedo.
Amigo prefeito carinhosamente Zé Figuerdo, chegou a hora de contratar esse maravilhoso conterrâneo.Sei que com certeza vai ler essa maravilhosa e linda história desse conterrâneo.
O ALERTA, tradicionalmente, trazendo boas e diversificadas crônicas aos domingos.
No entanto, nesta edição, fico com a última frase da matéria sobre o sanfoneiro Zé Moré, e que é sua:
“Prefeituras deveriam dar maior apoio aos artistas da terra, ao invés de contratar pessoas de fora, em determinados eventos”, declara.