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outubro 29, 2023

FIGURAS MIPIBUENSE Maria Alzira Ferreira da Silva

Maria Alzira Ferreira da Silva, filha do casal Manoel Ferreira de Melo e Joana Francisca, nasceu no dia 14 de janeiro de 1926, na cidade de Pirpirituba/PB.

Maria Alzira Ferreira da Silva, filha do casal Manoel Ferreira de Melo e Joana Francisca, nasceu no dia 14 de janeiro de 1926, na cidade de Pirpirituba/PB.

Foi uma criança livre durante sua infância no Sítio Grota Funda, onde morava. Seus dias eram repletos de aventura, como banho nos riachos, escalada em pedras e árvores e instigando animais, entre outras travessuras.

Alzira caminhava, juntamente, com os quatro irmãos e alguns amigos, cerca de 2 quilômetros para estudar, mas todos com muita alegria, pois gostavam da escola.

Aos 9 anos sua vida mudou completamente. Tio Alfredo (irmão do seu pai) e Albertina Ferreira, sua madrinha, em viagem de visita ao irmão Manoel, na cidade de Pirpirituba. Ficaram encantados pela pequena Alzira. Numa dessas conversas, no alpendre da casa do sítio, fizeram um pedido: que no período de férias escolar, a levassem para passar uns dias em Natal.

Pedido aceito, transmitiram a Alzira que ela viajaria para conhecer Natal.  Alzira quase não dormia, ansiosa para chegar logo esse dia. Finalmente, chegou à data tão aguardada. Viajou de trem por muitas horas, e ao chegar, foi recebida com muito mimo e alegria pelos tios-padrinhos que se tornaram pais de criação/coração.

Alzira ficou residindo em Natal, no bairro da Ribeira, só ia à Paraíba, para visitar os pais e irmãos.

Em Natal, matriculou-se no Grupo Escolar Izabel Gondim, onde concluiu o curso Primário. Conforme o costume da época, dedicou-se a cursos direcionados para o lar e de jovem prendada, como, culinária, corte e costura, entre outros.

Sua adolescência foi no bairro da Ribeira. Aos domingos, pela manhã, depois da missa, na Igreja do Bom Jesus da Dores, saia para brincar, pular corda, andar de bicicleta ou mesmo apreciar os navios no cais do porto. À tarde, era reservada aos passeios e retretas nas praças

Os carnavais era uma das festas que mais gostava. Ia vê o corso dos blocos que desfilavam no bairro da Cidade Alta.  Os bailes eram no Teatro Alberto Maranhão e no Aeroclube, sendo este, também, palco de muita dança nos bailes oferecidos aos americanos durante a Segunda Guerra Mundial. 

Alzira relembra que “o único momento de grande tensão por ocasião da guerra (1943 a 1945), aconteceu quando da simulação de um ataque aéreo à cidade, com o som das sirenes e, à noite, o blackout (todos tinham que apagar as luzes).  No mais, só havia muitos soldados circulando e a curiosidade dos nativos”, comenta.

Já mocinha, foram passar uma temporada, de férias, na comunidade do Porto, na cidade de Nisia Floresta. Fez amizades com o casal Hermógenes Ribeiro e Ana Amélia Sales, pais daquele rapaz que, no futuro, seria seu marido - José Ramires da Silva.

Os tios gostaram tanto da região onde ficava a cidade de Nísia Floresta, que adquiriram a Fazenda Santo Alberto, no município de Arêz. Aos finais de semana, era comum reunir familiares e amigos, para passeios a cavalo, explorando as belezas do lugar, além de um farto almoço.

Alzira começou a namorar José Ramires da Silva, um rapaz bonitão, disputado pelas moças da região. No “modelo antigo” de namoro, quando um rapaz demonstrava interesse por uma moça, ele primeiro tinha que convencer os pais dela. A responsabilidade do rapaz diante da família da moça era muito grande, na verdade era uma questão de honra dar e manter a sua palavra, mostrar que era uma pessoa direita e que suas intenções eram as melhores, e que realmente ele tinha condições de cuidar dela.

O namoro entre os dois jovens, foi acontecendo aos poucos. Na temporada que passaram na comunidade do Porto, José Ramires foi uma espécie de ‘guia turístico’, em passeios a cavalo, mostrando as belezas das lagoas e rios.

José Ramires ia visitá-la, em Natal e, consolidou-se com as idas à fazenda Santo Alberto, nos finais de semana e festividades. 

Devidamente aprovado pelos pais, então poderia começar o namoro, sempre em casa. Comportadamente sentados em um sofá... E sempre a presença de algum ou alguns familiares pela sala. Interessante que sempre alguém tinha algo para fazer naquela bendita sala quando se estava namorando. Algumas vezes arriscava-se um beijinho, pois ninguém é de ferro, mas tinha que ser meio rápido, para não ser surpreendido. Foram 10 anos de namoro entre Alzira e José Ramires. Enfim, chegou o grande dia. O casamento ocorreu no dia 2 de junho de 1951, na Igreja do Bom Jesus, em Natal.

Casamento de Alzira e José Ramires, na Igreja do Bom Jesus, em Natal
 

O jovem casal foi residir na fazenda Santa Luzia, na comunidade de Tororomba (Nísia Floresta), onde permaneceu até o ano de 1961, quando se mudou para São José de Mipibu para que seus filhos pudessem ingressar na escola.

Dona Alzira, com os filhos: Fernando, Ângela,
Eduardo, Sônia e José Ramires                                                 
  Maria da Conceição afilhada e filha do coração (criação)

O casal Alzira e Zé Ramires tiveram oito filhos biológicos (dos quais, três vieram a falecer), além de filho do coração. Desses filhos, nasceram15 netos e 10 bisnetos.

Dona Alzira com os netos
Dona Alzira e os bisnetos

Dona Alzira Ferreira sempre foi mulher presente, zelosa e dedicada ao lar e à família, que sempre procurou repassar aos seus familiares, valores de união, confiança e respeito pelo outro.

José Ramires disputou e venceu as eleições municipais de Nísia Floresta, nos períodos de 1954-1957 e 1968-1971. Segundo relato de sua filha, Ângela, “Mamãe, nunca gostou de política partidária, ela preferia participar de alguns comícios e outros eventos políticos, de modo bem discreto.

 Nesse período, dona Alzira desempenhava as atribuições de Primeira Dama do município, eram bem restritas: limitava-se a receber eleitores; autoridades para almoços e jantares, na própria residência; participava de casamentos, batizados e festas religiosas nas comunidades.

Como primeira dama, organizou algumas campanhas, como a de recolher doações, para as vítimas da enchente, da comunidade “Cucuru”, atualmente, Campo de Santana; campanha para dotar o município de uma maternidade, uma vez que não havia, no município, uma unidade de saúde para as mulheres darem à luz.

Primeira Eucaristia dos filhos e sobrinhos

Mulher de fé e devoção, na adolescência consagrou-se a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Organizou muitas festas religiosas, como a de Santa Luzia, na localidade de Tororomba. Em 1994, tornou-se membro do Grupo “Semente”, primeiro grupo do Movimento da “Mãe Peregrina”, em São José de Mipibu.

A partir daí, dedicou-se ao movimento criando um grupo de benfeitores para arrecadação de fundos para a construção da Capela do Século, no Km 38, em honra à Mãe Peregrina de Schoenstatt.

Participação do Grupo da Mãe Rainha

Dona Alzira tinha habilidades para trabalhos manuais. Ela bordou e costurou o enxoval e roupinhas dos próprios filhos. Depois, foi aprendendo outras técnicas, em cursos ou com pessoas amigas.  Nos últimos anos fazia confecção de bonecas de pano, atividade para a qual dedicava seu tempo. Sua produção de bonecas era para presentear familiares. Também vendia as bonecas. Nesse caso, o valor recebido era destinado à Capela do Século.

Destacamos o presépio artesanal, montado em 2021, para uma colecionadora, em Natal, que chegou a ser matéria na TV Assembleia RN. Também confeccionou um presépio para uma amiga colecionadora.

Era madrinha do projeto “Caravana do Papai Noel”, um grupo que organizava uma ação natalina, com distribuição de brinquedos, alimentos e material escolar, às crianças nas comunidades rurais de Laranjeiras do Abdias, Boa Vista, Bela Vista, Bica e Abrigo Anizia Pessoa.

Sua maior alegria são as lembranças que gosta de relembrar e contar histórias vividas e os bons momentos compartilhados com sua família.

Aos 97 anos, foi internada com limitações da saúde, vindo a falecer, na tarde do dia 21 de setembro de 2023, em Natal, onde se encontrava em tratamento de saúde. Seu corpo foi velado em sua residência e, após a missa de corpo presente, na Matriz de Sant’Ana e São Joaquim, seguiu para a cidade de Arêz, onde foi sepultada.

2 respostas para “FIGURAS MIPIBUENSE Maria Alzira Ferreira da Silva”

  1. Humberto de paiva maciel filho disse:

    Cumpriu rigorosamente todos os conceitos conforme os mandamentos da sagrada escritura. Como filha, esposa, mãe, avó e finalmente como servidora e pregadora da palavra de Deus. Uma pessoa doce e gentil. Como tia,
    maravilhosa e eterna.

  2. Angela disse:

    Essa bela homenagem a nossa mãe ficará gravada em nossos corações. Agradecemos com carinho ao editor do jornal ” O Alerta”, e nos servimos desse meio de comunicação para expressar nossa gratidão a todos que através de mensagens, orações, abraços, telefonemas, visitas etc se fizeram presentes na vida dela, especialmente durante sua hospitalização e partida para a casa do Pai Eterno.