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fevereiro 25, 2024

Felicidade

Alex Medeiros -[Instagram @alexmedeiros1959] – Publicado na Tribuna do Norte A palavra é o título.

Alex Medeiros -[Instagram @alexmedeiros1959] - Publicado na Tribuna do Norte

A palavra é o título. E o título é o tema, assim isolado, sem frase, apenas um substantivo feminino, óvulo indefinido a gerar a crônica do dia. Difícil definir, explicar, exprimir o que o dicionário proclama apenas ser a qualidade ou estado de feliz, uma ventura, um contentamento, um êxito, o sucesso profissional ou afetivo. Seria uma sorte?

A felicidade, que a escritora Clarice Lispector disse um dia ser clandestina, e que a bela Ingrid Bergman descobriu ser somente uma boa saúde e uma péssima memória, foi para o filósofo Nietzsche, em essência, a ausência de medo. Félix Lope de Vega afirmou que ela tinha um preço e esse preço era a audácia.

Mas em 1946, o diretor de cinema Frank Capra encantou o mundo com a elegância de James Stewart no hoje clássico “A felicidade não se compra”. Maldito e divino, o poeta Oscar Wilde comprou a sua numa permuta rito-fotográfica com o diabo.

Para Wilde, o segredo da felicidade era a eterna juventude. Tivesse ouvido Charles Chaplin saberia que todos os segredos estão no cérebro, inclusive elas, a juventude e a felicidade.

Há quem diga que esta senhora não tenha peso nem medida, embora Tom Jobim e Vinicius de Moraes achassem que era como a pluma que “o vento vai levando pelo ar”.

As religiões ensinaram que existe um caminho para ela: um deus, conforme cada doutrina. Jesus se dizia ser ele o próprio caminho. Li uma vez Stephen Kanitz delimitar dois pontos de referência, numa geografia emocional, para dizer que a verdadeira felicidade seria a distância certa entre o que a gente tem e o que a gente quer.

Para muitos, seria somente um estado de espírito. Já me disseram que nós, brasileiros, não temos muito, mas somos felizes, enquanto outros povos têm quase tudo e são tristes. Me parece um delírio típico da alegria barnabé.

Há alguns anos apareceu um psicólogo social da Universidade de Leichester, na Inglaterra, anunciando um ranking da felicidade no planeta. Adrian White publicou o que seria o mapa mundi da felicidade das nações.

E o povo campeão seria o dinamarquês, seguido do suíço, do austríaco, do islandês e do bahamense. A lista dos dez mais da felicidade se completava com as pessoas da Finlândia, Suécia, Butão, Brunei Darussalam e Canadá

White criou uma tabela própria para medir o grau de satisfação com a vida, numa equação que misturava renda per capita, perspectiva média de vida e a facilidade de acesso ao ensino secundário.

O cara concluiu que os níveis de felicidade de cada país estão fortemente relacionados com a questão dos serviços de saúde, acima dos aspectos financeiro e educacional. Seu estudo usou como referência dados da ONU, OMS, New Economics Foundation e CIA.

O Brasil estava como o samba de Chico, cambaleando pelo meio da tabela, bem perto dos infelizes. Mas nós nem consideramos o tal ranking, pois sabemos por experiência que a felicidade plena é um misto de ficção inalcançável e sonho impossível.

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