Eu vi Renato Barros tocar
Por João Maria Freire ( Professor, jornalista e escritor) A vida é feita de pequenas-grandes alegrias.
Por João Maria Freire ( Professor, jornalista e escritor)
A vida é feita de pequenas-grandes alegrias. Se você tem vontade de fazer algo, faça, desde que o que faça não traga danos a ninguém. Corra atrás do que você quer, nem que seja ir num mercado ou numa feira, no maior furdunço, tomar um caldo de cana com pastel. Pode entupir artérias ou piorar o diabetes, se você a tiver, mas faz um bem danado (lembro aqui de Darcy Ribeiro, o grande político, escritor e pensador, se tratando de um câncer, numa UTI de hospital, pediu e o médico liberou para ele ir tomar um caldo de cana de beira de estrada, costume de décadas,antes de adoecer. Disse que, depois daquele caldo ainda viveu dez anos a mais do que o previsto pelos médicos).
Mas, não é sobre caldo de cana que quero escrever.
É sobre ter pequenos prazeres na vida Na adolescência, como imagino milhares de outras pessoas também, ouvi muito Renato e Seus Blue Caps.
O som da guitarra, os vocais, a sonoridade das músicas, meio copiando os Beatles, que mudavam o jeito do mundo ver a vida, nas décadas de 60 e 70... tudo isso me chamava a atenção na banda brasileira.
Fiquei adulto só vendo Renato e sua banda pela TV, ouvindo nas fitas K7 e nos bares, por onde passava perto.
Um dia, estava eu perambulando em um shopping de Natal, e chegou o convite da organização de uma Feira nacional de Camarão, evento para alavancar o turismo de Natal, que estava rolando no Centro de Convenções, em Ponta Negra.
Imaginei apreciar um prato do crustáceo, a preço convidativo, e para lá fui.
Passeando pelos corredores da Feira, fui surpreendido pelo locutor, avisando que "dentro de mais alguns instantes, o encerramento desta magnífica feira, como o show de Renato e Seus Blue Caps".
Quase nem acreditei. Sem querer, por um acaso do destino, estaria realizando um desejo de décadas: ver a banda de músicas embaladoras de romances e de baladas, bem de perto.
Fui para a frente do palco e não larguei mais o pé dali. Passou-se quase uma hora para o show começar. Era um palco pequeno, de madeira rústica. Os olhos acompanharam a banda, subindo a pequena escada de seis degraus, se posicionar. Fixei em Renato, afinando a guitarra e ajeitando-a nos braços para começar a cantar.
Como estava velho, imaginei, ele com uma expressão cansada. A voz se confundia com a de outros integrantes da banda. Mas o show foi magnífico, a altura do que esperavam centenas de outros fãs.
Sai feliz, ao final de quase dez músicas entoadas. Não quis ficar para olhar os bastidores do pós-show. Ter acompanhado, há poucos metros, a performance de uma banda e de um cantor que era um ícone de tantas gerações e meu também, já era o suficiente.
Sozinho como estava, voltei feliz para casa e a lembrança nunca mais saiu da memória.
Na terça-feira, 28, o mundo foi surpreendido pela morte de Renato Barros, aos 76 anos, no Rio. Ele estava internado há semanas num CTI. Crônicas, homenagens, depoimentos e lamentações dos milhares de fãs invadem as redes sociais, desde então.
Obrigado, Renato Barros, por tantas vivências boas que suas músicas me proporcionaram, tornando meu viver mais leve e feliz.
Que lindo! Também Era Fã número HUM! Não vou deixar de curtir nunca! Elas fazem parte da minha história de vida, de Namoros da Adolescencia, de lindas lembranças que o tempo não Obrigada Primo João! Por trazer a minha memória, tantas boas lembranças! De Sôarê, Assustados nas salas das casas das pessoas amigas, com aquela Radiola que a Tampa, era o Sim, e sobrep Disco Vinil girava um braço de agulha, e dançávamos RENATO E SEUS BLUE CAPS,e nós agrupávamos, e curtiámos na Pureza e na Simplicidade! Assim vivi a minha adolescência!