ELES ESTÃO LÁ

fevereiro 19, 2023

Gilberto Costa – Poeta e escritor No alto do juremá, pastorando o sertão.

Gilberto Costa - Poeta e escritor

No alto do juremá, pastorando o sertão. Diariamente vejo-os espiando seu entorno, atentos aos movimentos da caatinga. Agem como dever de ofício. O tempo de observação minha àquele ritual é mínimo. Dura poucos segundos. Isso me frustra. 

Hoje, antes da curva, dirijo-me à guarita ornamentada com as cores da transição da estiagem ao inverno. A cobertura ainda não os protege do sol. As folhas começam a vingar para se fazerem sombras. Eles ensaiam um voo. Fecho os olhos. Escuto um grito rouco. Olham-me com um olhar familiar. Percebo que sou bem-vindo ao habitat dos carcarás. 

Fico embelezado com a cena. As últimas chuvas caídas enchem de esperança o sertão. Pássaros fazem coreografias com suas asas, interrompendo a outrora diáspora. Os ninhos voltam a se habitar, todos se unem na reforma de seus lares de gravetos. Ovos ornamentam seus cômodos. Há ensaios de chocos. É visível a felicidade da passarada. Eles não se preocupam com possíveis ameaças. 

Enxergo vestígios de penas em bicos predadores. Não pode haver descuido. Carcará pega mata e come.  

Uma resposta para “ELES ESTÃO LÁ”

  1. Carlos Antonio Soares da Silva disse:

    Nossa águia catingueira, resiste às intempéries do tempo e clima da região. Se acasalam, fazem ninhos e perdiam a espécie a cada ano chuvoso.