ELEIÇÃO, CIRURGIA E SANTIDADE (II)

abril 9, 2023

Ricardo Sobral, advogado e escritor.

Ricardo Sobral, advogado e escritor. 

Há em Natal mais funcionário público proporcional à população, do que em Brasília. Aqui, tirando as Três Armas,  a Universidade, os governos federal, estadual e municipal,  não existe mais nada de monta como empregador.

O sonho de consumo do jovem que sai da Universidade é ter um contracheque, efetivo ou temporário.

No interior, o grande empregador é o Município.

A atividade nos setores  primário e secundário da economia praticamente foi extinta. A iniciativa privada arqueja, anêmica  As entidades patronais convolaram-se em cartórios. Chamar seus dirigentes de pelegos não seria de todo despropositado. Os ciclos do couro, do algodão, da mineração, da agricultura, perderam-se na poeira do tempo. Tem menino no interior que nunca viu um pé de algodão.

A insegurança no campo chegou a tal ponto que se conta nos dedos as fazendas que ainda não foram assaltadas. A violência - impune - no campo está dando o tiro de misericórdia no que restou da agropecuária. 

A dependência das lideranças políticas ao Governo do Estado é absoluta, quase.

A Assembleia Legislativa é mais governista do que o site do Diário Oficial. Tem deputado que não se encabula quando  diz que fora do governo não há salvação.

Os meios de comunicação em geral são cordatos. O noticiário é laudatório. Não tem quem contrarie o governo, que é o maior anunciante. Tem político aposentado compulsoriamente pelo eleitor, dono de agremiação partidária,  que esbraveja, faz alarido, mas na prática, não se conhece uma só ação oposicionista ao governo, posto que seu partido compõe a base de sustentação do Planalto.

Nesse cenário de inércia da inepta oposição, o Governo deita e rola,  casa e batiza e até aumenta impostos a seu bel prazer. Acuada a oposição, nem  espantalho de pré-candidatura para 2026  se vislumbra  em suas hostes. É evidente  a agonia da oposição. 

No entanto, é cediço que eleição é como cirurgia: toda ela tem seu risco.  E voto é como santidade: a metade da metade. Não se pode antevê qual o nome capaz de ameaçar o esquema de poder hegemônico hoje no RN.  Uma coisa, porém,  parece consensual: a eleição de 2026 dependerá muito das eleições municipais de 2024 , notadamente, Natal, Mossoró e Parnamirim, maiores redutos eleitorais.

Uma resposta para “ELEIÇÃO, CIRURGIA E SANTIDADE (II)”

  1. Carlos Alberto Barbosa da Silva disse:

    A crise financeira, ambiental e social são desafios. Existe essas crises e não podemos ignorar. Diante do desemprego da juventude do meio popular, o que fazer? Visto que a sociedade tecnológica não exige apenas emprego público. Para nossa reflexão.