O Dia da Consciência Negra é celebrado em 20 de novembro no Brasil, e tem como propósito promover a reflexão sobre a contribuição dos afrodescendentes para a construção da sociedade brasileira, além de conscientizar a população sobre a luta contra o preconceito e a desigualdade racial. A escolha dessa data remete ao dia da morte de Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra no país durante o período colonial.

O Brasil foi o último país do planeta a abolir a escravidão e, ao invés de reparar os ex-escravizados, criou dificuldades para inclusão do negro na nova economia baseada no trabalho assalariado. A imigração europeia para as áreas econômicas mais prósperas do país e a Lei de Terras, de 1850, que limitou o acesso à terra da população pobre, contribuíram para impedir a ascensão social da população negra.

“Com a imigração massiva, os ex-escravos vão se juntar aos contingentes de trabalhadores nacionais livres que não têm oportunidades de trabalho senão nas regiões economicamente menos dinâmicas, na economia de subsistência das áreas rurais ou em atividades temporárias, fortuitas, nas cidades”, explicou Mário Theodoro, professor do programa de pós-graduação em direitos humanos da Universidade de Brasília (UnB) que estudou a formação do mercado de trabalho no Brasil sob a ótica racial.

A ausência da reparação pelos mais de 350 anos de escravidão no Brasil e as estatísticas que comprovam que a população negra mantém os piores indicadores sociais e econômicos são os argumentos usados para que o Estado assuma seu papel na luta pela igualdade racial.

Política

Apesar de algumas iniciativas legislativas e da criação de conselhos locais contra o racismo, foi somente 115 anos após a abolição que o Brasil criou um órgão federal para elaboração e execução de políticas contra o racismo. Em março de 2003, foi inaugurada a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir).

“De fato, mexer com políticas públicas para a questão racial foi com a Seppir. Antes disso não tinha nada. Havia algumas intenções, algumas legislações, mas não existiam órgãos que mexiam com política pública. Tinha alguns conselhos estaduais, como o de São Paulo, mas órgãos e secretarias não existiam”, destacou.

Confira dez informações sobre Dia da Consciência Negra:

Origem Internacional: Inspirado no Dia da Consciência Negra dos Estados Unidos, que homenageia Martin Luther King Jr.

Zumbi dos Palmares: Zumbi foi um líder quilombola e ícone da resistência contra a escravidão no Brasil colonial.

Lei Áurea: A abolição da escravatura no Brasil foi assinada em 1888, mas a discriminação persistiu, motivando a necessidade do Dia da Consciência Negra.

Importância Cultural: A data destaca a influência afro-brasileira na música, dança, culinária e demais aspectos culturais do país.

Escolha da Data: 20 de novembro foi escolhido para homenagear Zumbi, mas somente em 2011 foi instituído como feriado em alguns estados brasileiros.

Movimento Negro: O Dia da Consciência Negra fortalece o movimento negro e suas pautas por igualdade e combate ao racismo.

Quilombo dos Palmares: Foi o maior quilombo das Américas, simbolizando a resistência negra contra a opressão.

Cultura Afro-brasileira: A celebração destaca a riqueza e diversidade da cultura afro-brasileira, presente em manifestações como o samba e o candomblé.

Desigualdade Racial: A data também chama atenção para a persistência da desigualdade racial no Brasil.

Atividades Educativas: Escolas e instituições realizam atividades educativas para conscientizar crianças e jovens sobre a importância da igualdade racial.