Carta para o Gargalheiras
Por Jeane Araújo – Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA Em 2019 eu escrevi uma carta para o Gargalheiras.
Por Jeane Araújo - Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes - ACLA
Em 2019 eu escrevi uma carta para o Gargalheiras. Chorei ao escrevê-la. Fui visitá-lo e ao ver seu solo rachado e os peixes agonizando em seu leito, chorei. Ali estava o gigante pedindo socorro silenciosamente. A sensação de impotência que me tomou me fez redigí-la , era uma carta- oração, para ele e para Deus.
Pedi que não o deixasse morrer, que não o deixasse naquele abandono porque éramos um só. O Gargalheiras e o povo acariense é uma coisa só. Estamos todos com nossas raízes profundamente enraizadas neste chão.
A minha carta, a minha prece era de amor e de profunda gratidão a este solo que nos deu a vida e que, um dia, vai recebê-la de volta. Disse ao gigante que sua dor reverberava em mim, em todos nós. Que ele aguentasse que era só uma fase. Que iria ressurgir ainda mais belo. Que não se entregasse às adversidades, que todos passamos por isso também. Que não perdesse a fé!
Por isso hoje eu choro de alegria e de emoção ao vê-lo cheio. Cheio de vida, de alegria. Ele não desistiu. Quem é sertanejo sabe das agruras da seca, mas não desistimos. Hoje, uma oração de gratidão a Deus ecoa em todos os corações acarienses e seridoenses porque somos um povo forte, que não desistimos.
Transborda, meu gigante, transborda esse mar de águas doces porque assim é o teu imenso coração!
DO BLOG O ALERTA: Essa crônica foi agendada, às 12h, do dia 03 de abril de 2024, quando faltavam, apenas, 12cm para o Gargalheiras sangrar. O que deve ter ocorrido, horas depois.
Maravilha em texto. Bravo!