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maio 7, 2023

A autenticidade resiste ao molde social?

Bruna Torres vai nos deliciar com suas crônicas, a partir deste domingo.

Bruna Torres vai nos deliciar com suas crônicas, a partir deste domingo. Seja bem-vinda!

Quem é Bruna Torres - Mãe, autora de romances jovem-adulto, estudante de jornalismo na UFRN, apaixonada por tardes ensolaradas e ouvir boas histórias. A cronista mantém seus amores fictícios bem guardados no peito, enquanto escreve sobre histórias reais no jornal Diário do RN. Como autora, não perde a oportunidade de traçar enredos com amores e sonhos que se tornam possíveis.  

Deixemos de lero-lero e vamos a leitura dessa primeira crônica para o blog O Alerta:

A autenticidade resiste ao molde social?

Bruna Torres - @autorabrunatorres

  Às vezes para sermos aceitos, costumamos usar adereços repleto de mentiras quando temos interesse em fazer uma aproximação com alguém de fora de nosso ciclo habitual de amigos. Talvez aquela série que elogiamos para chamar atenção, seja a última sugestão do catálogo dentre tantas outras opções para assistir, ou até mesmo, aquele sapato caro que machuca os pés nem seja tão belo assim. Algumas pessoas estão dispostas a ir longe demais para encaixar-se num padrão que não lhes pertence.

    Com seus jogos de disfarces, encenam tanto com o personagem que esquecem dos bastidores. Quem você é por trás de seus apetrechos sociais? Aquele filme cult irá agregar algo em seus valores? Sua comédia favorita é uma perda de tempo por não ter reflexões profundas?!

    Encaixar-se no ideal dos outros é a certeza que você perde um pouco de si cada vez que finge gostar de algo, ou até mesmo, quando não é sincero sobre o que lhe incomoda. A autenticidade parece ser um apetrecho que a cada dia vai ficando em segundo plano, quando há uma exaltação do que as pessoas têm, não o que são. Podemos de forma tola achar que conhecemos alguém, somente pelo fato de ter acesso ao material que ela curte e compartilha nas redes sociais. Mas, o questionamento é: quem somos quando a tela do celular está desligada?

Fora do mundo virtual, curtidas e comentários não significam nada, você pode escolher mostrar-se para o mundo através das ilusões que criou, ou se despir socialmente, abdicando do medo da rejeição.

Contudo, isso não é fácil. Não acontece de uma hora para outra. A insegurança causa danos inestimáveis, mas vou avisando, nós ensinamos como os outros devem nos tratar. Parece um pouco surreal alegar isso, mas a partir do momento que deixamos um comentário negativo passar despercebido, ou apenas rimos de uma piada que nos machucou, ensinamos para as pessoas que elas estão autorizadas a nos tratarem dessa forma.

   Sejamos sinceros sobre nossas preferências, sobre as brincadeiras de péssimo gosto, dos comentários depreciativos sobre a aparência de alguém. Se você for essa pessoa, faça um breve exercício, antes de apontar algum defeito no outro e reflita sobre o impacto que o comentário pode causar. É útil? Benéfico? É preocupação ou maldade? Precisamos aprender a ter responsabilidade emocional com quem está ao nosso redor, não temos um filtro de comentários negativos ou positivos em nosso peito, algumas palavras podem abrir no outro, feridas que sequer imaginamos.

   Às vezes a "sinceridade" demasiada está atrelada ao fator predominante de insatisfação pessoal. Faça uma autocrítica sempre que possível, não opte pelo "perco o amigo mas não perco a piada", os sorrisos constrangidos podem esconder verdadeiramente o que um comentário ruim pode fazer na vida de alguém.

    Não seja a pessoa que desmotiva outras, seja alguém que levanta, alguém que sempre fará falta quando não estiver por perto, uma pessoa especial e gentil, que está mostrando disposição para ajudar a quem precisa.

 Poucos realmente se sensibilizam com a dor alheia, mas a fila para criticar seus passos e caminhos não será pequena.

Absorva somente o que acrescenta, o inconveniente é desnecessário, deve ser apenas descartado. Lidar bem com críticas é uma tarefa para os corajosos, você é capaz e independente! Não dê ouvidos para quem está ansioso pela sua queda, aguardando a ascensão do seu caos.

    Essas pessoas não valem a pena, estão insatisfeitas com as próprias escolhas e modo de vida. Simplesmente, desligue-se de gente assim, fuja para o mais longe que puder. E, sempre que possível, busque entender as motivações de cada um, mesmo que pareça difícil.

     Saía dos bastidores e vá para o palco principal, você merece os holofotes, é a estrela desse espetáculo e será mais divertido quando mostrar-se verdadeiramente para as pessoas.

   Tire seus sapatos lustrosos, dance na chuva, assista aquele filme clichê pela centésima vez, arrisque-se na cozinha – mesmo que seja um total desastre –, mas em hipótese alguma, deixe sua autenticidade de lado por medo de uma não-aceitação. Você é muito mais do que um molde vazio, mas se preferir assim, que seja ao menos, algo moldado pelas suas próprias mãos.

4 respostas para “A autenticidade resiste ao molde social?”

  1. Rui Almeida disse:

    Li, gostei e aprovei. Parabéns, Bruna, você começou com o oé direito. Vá em frente. Seu futuro é promissor.

  2. Rui Almeida disse:

    Li, gostei e aprovei. Parabéns, Bruna, você começou com o pé direito. Vá em frente. Seu futuro é promissor.

  3. Jaque disse:

    Parabéns pela crônica, ela nos faz refletir muito sobre o que de verdade somos ou no que fingirmos ser, principalmente nessa era ainda mais cheias de padrões. A autora Bruna Torres está de parabéns. Já quero uma próxima 🙂

  4. Bruna Torres disse:

    Muito obrigada a todos que leram e gostaram, até mesmo quem não pôde comentar. Espero que possamos juntos, trazer mais histórias para cá. Vejo vocês em breve!