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maio 27, 2024

Antes da chegada de Dom João, Padre Matias já defendia uma nova Diocese para o RN

Do Blog João Maria Freire Quando tomou posse na Arquidiocese de Natal, D.

Do Blog João Maria Freire

Quando tomou posse na Arquidiocese de Natal, D. João Santos Cardoso, substituindo D. Jaime Vieira Rocha, o baiano do município de Dário Meira causou surpresas no meio católico e social do Rio Grande do Norte. Primeiro, por seu jeito cativo, sorriso fácil, paciência em atender a todos que a ele se dirigiam. Segundo, por defender a criação de uma nova Diocese para o Rio Grande do Norte, ligada à Arquidiocese de Natal. 
Quem acompanha a seara católica potiguar sabe que, antes do novo Arcebispo, um outro religioso católico, intelectual que se divide entre as ações pastorais e a escrita de artigos publicados quase que diariamente na imprensa local e nacional, já defendia a criação de uma nova Diocese. estamos falando do pároco de Mirassol e capelão da UFRN, Padre Matias Soares.
Padre Matias chegou a escrever um longo artigo defendendo a mesma ideia do Arcebispo. Nos meios católicos, já há quem defenda o nome do religioso nascido em Nova Cruz para Bispo, em caso de criação da nova Diocese. Discreto e envolvido com suas múltiplas atividades, ele não comenta o assunto. 
Confira abaixo, o artigo escrito no começo deste ano, pelo Padre Matias:  

A Diocese de Assu-RN
Uma Diocese é “uma porção do povo de Deus confiada ao pastoreio do Bispo com a cooperação do presbitério, de modo tal que, unindo-se ela a seu pastor e, pelo Evangelho e pela Eucaristia, reunida por ele no Espírito Santo, constitua uma Igreja particular, na qual está verdadeiramente presente e operante a Igreja de Cristo una, católica e apostólica” (cf. CDC cân. 369). Essa é a definição posta no ordenamento canônico da Igreja Católica sobre a natureza da Diocese. O nosso objetivo nas seguintes linhas é mostrar a urgência da criação de uma futura Diocese na província eclesiástica de Natal. Há a necessidade pastoral, ou seja, a estruturação de meios que possam favorecer a chegada mais efetiva e eficaz da ação evangelizadora em determinados espaços do nosso estado.
A narrativa sobre a emergente ereção de mais uma Diocese em nossas paragens já faz parte das rodas de conversas eclesiásticas há décadas. Já como jovem sacerdote ouvia falar sobre projetos antigos que tratavam da criação de mais duas Igrejas Particulares – terminologia referente à Diocese - em nossa área eclesiástica. Na atualidade, observando a história, tradição religiosa, localização, como todo o desenvolvimento econômico, sem dúvida, a cidade de Assu seria o polo agregador e a sede mais viável para a concretização de tal pleito.  Além de algumas paróquias circunvizinhas da própria Diocese de Mossoró, também seriam agregadas paróquias da imensa Arquidiocese de Natal, especialmente as células eclesiais que compõem os dois zonais – estes são áreas de articulação pastoral compostos por algumas paróquias – mais próximos da cidade de Assu. Claro que um estudo para projetar a organização desta futura realidade eclesial deve ser elaborado, o quanto antes.
A articulação eclesial, social e política é necessária. As representatividades comunitárias têm um papel de suma importância. Os Bispos das três Arqui (Dioceses) – Natal, Mossoró e Caicó - que compõem a Provincia Eclesiástica podem assumir essa legítima reivindicação, já que os mesmos têm a maior e mais honrosa responsabilidade de pensar o bem do povo de Deus e da Igreja na sua totalidade; ainda mais, com a promoção da sinodalidade requerida pela Papa Francisco como o estilo da Igreja no terceiro milênio, essa descentralização e organização de novas formas eclesiais é extremamente importante para que o anúncio do Reino de Deus alcance às pessoas do melhor modo possível. No mundo contemporâneo, com todos os desafios pastorais postos nesta Era pós-secular e pós-pandemia, não pode haver mais lugar para mentalidades pré-modernas. Faz-se mister o discernimento dos espíritos, com seus fenômenos e problemáticas próprias desta época de mudanças.
A maior motivação da província eclesiástica do nosso estado para levar à frente essa conquista é a ‘conversão pessoal e pastoral’. A Arquidiocese de Natal é enorme, com uma dificuldade e complexidade tremendas para a veiculação da missão, com muitas ações a serem desenvolvidas pelos ministros ordenados, consagrados e fiéis leigos que podem viver de modo mais intenso cada estado de vida ao qual são chamados, com tantos ministérios e carismas. A lógica do domínio de áreas geográficas faz tempo que está superada. A dinâmica precisa ser personalizada, próxima e servidora. A Diocese de Mossoró também é possuidora de uma vasta área territorial e com avanços pastorais que possibilitam a entrega generosa das paróquias em questão para a estruturação e promoção do bem comum dos fiéis que estarão sendo contemplados com a criação de mais uma Igreja Particular do nosso estado.
As Dioceses de Natal e Mossoró estão em expectativas de mudanças de seus pastores próprios. Os padres e diáconos das três Dioceses, incluindo os de Caicó, com os religiosos(as) também podem assumir essa preocupação como um propósito comum. Mas, o que é mais importante é a mobilização das comunidades envolvidas, das pessoas e forças vivas, meios de comunicação, homens e mulheres de boa vontade inseridos nestes contextos eclesiais. Revisitemos o conceito de Diocese já posto anteriormente. Ela é uma ‘porção do povo de Deus’. Essas palavras têm que ter um significado e serem carregadas de valor para quem deveras ama a Igreja e deseja que a ‘alegria do evangelho’ chegue a todos. A Igreja de Jesus Cristo que está no Rio Grande do Norte merece essa conquista. Vamos em frente! Sejamos homens e mulheres de causas nobres e ousadas. Assim o seja!
Pe. Matias Soares
Pároco da paróquia de Santo Afonso M. de Ligório
Natal-RN

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