Bruna Torres - Escritora e jornalista

Chegamos ao sétimo dia do ano bissexto de 2024 e, para muitos de nós, a sensação de recomeço, aquela paz da virada e de novos planos, parecem ter ficado para trás junto aos estampidos dos fogos de artifícios que anunciaram a chegada de um novo ano. Embora, o que ninguém te conta é que não adianta ficarmos apenas desejando um ano novo, tendo as mesmas ações, pensamentos e motivações.

O ano ainda será velho se trouxermos os ressentimentos que deveriam ficar para trás na nossa nova bagagem para 2024. Afinal, há menos de uma semana ainda estávamos em 2023, como podemos esperar que nossa vida dê um giro total em apenas sete dias?

Eu entendo a ansiedade por mudanças, novidades e novos ciclos, pois também sinto, virei o ano com alguns sentimentos me atormentando. Velhas "dores" que tentaram se entranhar na minha vida, portanto, eu decidi que não darei esse espaço para elas. Não merecem a energia que gastamos remoendo essas coisas.

E, confesso, é difícil pra caramba, mas venho tentando… Enquanto escrevo esta crônica, deparei-me com uma música do Skank e da Negra Li, ‘Ainda gosto dela’. Eu, viciada em ler comentários, vi que na música tinha um comentário de um homem que lamentava a perda de um grande amor, há mais de 10 anos.

Enfim, dentre as respostas para o sofrível relato, um internauta disse palavras sinceras e o recomendou a ler uma crônica de Rubem Alves, que se chama ‘Pipoca’. Recomendo a leitura na íntegra, é curto e nos faz pensar sobre as transformações da vida, dos momentos de dor, sofrimento e amores que ainda passaram pela nossa trajetória. Destaco um trecho: “Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho de pipoca, para sempre”.

Essa crônica me surgiu de repente e fez o total sentido para as palavras que aqui escrevo. Se tudo que passamos não nos mudar, infelizmente, ainda seremos os mesmos, desejando coisas novas, mas sendo para nós, os mesmos ‘velhotes emocionais’ de sempre.

Sua vida vai melhorar se você deixar de olhar tanto para trás. Apenas siga seu caminho sem lamentar o que perdeu, o que deixou de ser seu. Lembre-se de que há respostas que sequer sabemos a pergunta ainda…

Temos 300 e tantas oportunidades de fazer deste ano um acontecimento inédito em nossas vidas. Então, pare de se lamentar e comece a fazer as coisas por você! Viva por você e busque traçar metas, pequenas conquistas, nem que seja parar e observar um fim de tarde. Às vezes o novo só depende de nós. Não precisa ser no primeiro dia do ano, ainda temos tanto a realizar, tantas coisas para fazer…

Acredite no poder dos seus sonhos e das coisas boas que ainda podem surgir ao longo deste ano que se inicia. 2024 ainda é um recém-chegado em nossas vidas, aproveite as oportunidades. Temos 300 e tantas tentativas para nos fazer felizes.

Afinal, esta ainda é a primeira crônica do ano, quantas mais teremos pela frente?