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março 31, 2024

A REVOLUÇÃO DE 1817 E O EPISÓDIO OCORRIDO NO ENGENHO BELÉM EM SÃO JOSÉ DE MIPIBU

Luz Maria Medeiros – Professora A Revolução de 1817 surgida em Pernambuco – e que teve a adesão das Capitanias da Paraíba e do Rio Grande do Norte – pretendia instalar um Governo Republicano no Brasil.

Luz Maria Medeiros - Professora

A Revolução de 1817 surgida em Pernambuco - e que teve a adesão das Capitanias da Paraíba e do Rio Grande do Norte - pretendia instalar um Governo Republicano no Brasil.

Em São José de Mipibu (como nos falam eminentes pesquisadores do assunto), a participação do município nesse fato foi de suma importância histórica. Segundo a professora Isabel Gondim, "esse episódio mexeu com a Vila de São José do Rio Grande (como era chamado município), de tal forma, que ela, mesmo ainda muito jovem, ouviu de um velho (cego) chamado Tomás de Aracati, comentar que, "havia ficado quase rouco de tanto gritar: Liberdade para São José de Mipibu".

Isabel Gondim relembra que no Engenho Belém, que pertencia ao Coronel de Milícias, Luís de Albuquerque Maranhão, primo de André de Albuquerque Maranhão, eram promovidos "banquetes" oferecidos às autoridades de Natal e de vilas vizinhas A Mipibu. Tudo regado a muita comida, bebida e muito luxo.

Casa Grande do Engenho Belém - São José de Mipíbu/RN

Tanto no Engenho Belém como, também, no Engenho Ribeiro, eram comuns reuniões que versavam sobre os mais diversos assuntos, entre eles, a política e a maçonaria (que teve seu embrião no Estado, partindo dessas reuniões) e contava, ainda, com a participação dos párocos local e de vilas vizinhas.

Um desses habituais frequentadores da reuniões era o padre João Damasceno Xavier, que sempre emprestava na ocasião, desses banquetes, um grande aparato de serviço de baixelas de prata, tal era a abundância como um dos anfitriões participantes. O padre Damasceno foi escrivão de São José de Mipibu e um grande inspirador de André de Albuquerque.

No engenho Belém, deu-se um dos episódios capitais da Revolução de 1917: a prisão do governador da Capitania do Rio Grande do Norte, José Inácio Borges.

COMO ACONTECEU - André de Albuquerque tinha uma casa em Goianinha, precisamente na localidade Estivas, onde ele costumava receber seus convidados "mais íntimos" para tratar dos assuntos relacionados com a revolução irrompida em Pernambuco, que, posteriormente se chamou de Revolução de 1817 e outros assuntos relacionados à política.

André de Albuquerque

De volta de uma dessas reuniões com André de Albuquerque com o governador da Capitania, José Inácio Borges, que desconhecia a ligação dele com o movimento revolucionário, ou se sabia, fazia "vistas grossas", resolveu pernoitar no Engenho Belém, na Casa Grande de seu amigo, Luís de Albuquerque, para na manhã seguinte, retornar à Capitania, com os seus oficiais.

Enquanto isso em Goianinha, André de Albuquerque recebia a visita do padre Antonio de Albuquerque Montenegro, patriota exaltado e defensor do governo republicano, portanto adepto da Revolução - a quem André contou que o governador "com subterfúgios tentou arrastá-lo para defender a Monarquia".

O padre enfurecido chamou André de Albuquerque de covarde por não ter prendido ali mesmo o governador, para que a revolução se instalasse logo na Capitania. Orientou André a sair em seu encalço imediatamente, o que assim fez. Chegando ao Engenho Belém, cercou com seus homens, a Casa Grande do Engenho Belém, onde o governador dormia. Logo cedo da manhã entrou nas dependências da casa, dando-lhe voz de prisão. Mesmo assim o governador Inácio Borges foi tratado com o devido respeito.

A Vila de São José do Rio Grande (depois, Mipibu) ficou numa grande agitação com os acontecimentos e com a chegada de todas as autoridades da Província. Isso aconteceu no dia 25 de março de 1817, e como não houve derramamento de sangue, o governador foi deposto do cargo, mas lhe foi permitido ter a presença da esposa, para com ela, serem conduzidos à Pernambuco três dias depois, em 29 de março de 1817.

Mesmo com todos esses acontecimentos, a revolução fracassou, André de Albuquerque foi morto e o governo monárquico restabelecido, no dia 26 de abril, do mesmo ano. Das pessoas de São José de Mipibu pronunciadas, apenas, Vital da Silva e Luís de Albuquerque Maranhão deveriam ser presos. O primeiro escondeu-se e escapou; o segundo foi preso, no dia 21 de maio, do mesmo ano, no Brejo das Bananeiras, na Paraíba.

Observação da autora do texto: parte dessa história foi contada por Maria Lúcia Amaral, outra parte foi encontrada aleatoriamente quando estava pesquisando.

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