A primeira aparição do Zeppelin no Nordeste
Cristóvão Cavalcante – Escritor mipibuense radicado no Rio de Janeiro Um auê, dos diabos! Esse fato ocorreu, há 93 anos.

Cristóvão Cavalcante - Escritor mipibuense radicado no Rio de Janeiro
Um auê, dos diabos! Esse fato ocorreu, há 93 anos.
No ano de 1930, surge nas feiras das cidadezinhas do sertão nordestino, comentário horrível, que amedrontou toda população sertaneja. Chegaria ao Brasil, vindo da Alemanha, o Balão dirigível, Graf Zepelim LZ 127.
A notícia deixou o pessoal apavorado! A notícia era aterrorizante! Vinha pelo céu, um bicho voando e que os pecadores morreriam, para pagar seus pecados, principalmente, as mulheres, que se tiverem traído os maridos. Ninguém se atrevia a sair de suas casas.
Marcaram o dia da aparição, porém, no dia marcado, choveu e não aconteceu o tão aguardado "bicho voador". Ai ninguém acreditou no tal boato. Minha avó, Amélia Ferreira da Silva, mulher brava, descendente de Virgulino Ferreira da Silva ('O Lampião') morria de medo. Pense numa velha valente!
Esse fato que narro pra você, leitores, ficou marcado na história de Poço Cercado, comunidade de Serra Caiada/RN.

Uma manhã com o sol forte, meu avô Vicente Bogodão, foi para lavoura. Mais ou menos às 10h, apareceu um enorme bicho no céu. Ele correu para casa, gritando apavorado. Minha vó correu ao encontro dele, também assustada com o que via.

Minha avó Amélia, aos prantos, agarrou-se nas pernas do meu avô, gritando para todos ouvirem.
"- Me perdoa Vicente. Sei que vou morrer! Fui falsa a você três vezes."
O dirigível passou sobre suas cabeças, prosseguindo seu rumo para a capital do Estado, até se perder na linha do horizonte. Pelo que soube, ninguém morreu.
Passado o susto, meus avós, Vicente e Amélia saíram na porrada (naquela época, não havia a Lei Maria da Penha) e o casamento de muitos anos, se desfez naquele dia.
No povoado de Poço Cercado, não se falava em outra coisa. Os comentários eram, a passagem do Zeppelim e a traição de dona Amélia.
O dirigível revelou o segredo de minha vó Amélia, que com certeza, ela levaria para o túmulo.

Vó Amélia faleceu, em Natal, onde foi morar após se separar de meu avô. Tinha, na época, quase 100 anos de idade. Morava numa casa no bairro do Bom Pastor (em frente ao cemitério do mesmo nome). Atualmente, seus netos Severino Soares da Silva ('Bino') e Maria da Conceição Soares da Silva ('Tão') residem na mesma casa e eu (Cristóvão Cavalcante), moro no Rio de Janeiro.
História que o tempo não pode apagar.

Imagine: senhores(a)!
Na cidade de Angicos recentemente, um drone, causou um reboliço, quase do tamanho da aparição do Zepelim, há 93 anos.
Boa tarde. Como poderia me comunicar com você, pra combinarmos um encontro da nossa turma do segundo grau em São José de Mipibu.