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A PEDIDO; FIGURAS MIPIBUENSES Professora Terezinha Alves Ferreira

Por José Alves (‘Dedé do Alerta’) editor do jornal e blog O Alerta                      Terezinha Alves Ferreira nasceu no dia 5 de maio de 1932, na cidade de Nova Cruz, na região Agreste potiguar.

Por José Alves ('Dedé do Alerta') editor do jornal e blog O Alerta

                    

Terezinha Alves Ferreira nasceu no dia 5 de maio de 1932, na cidade de Nova Cruz, na região Agreste potiguar. Filha do sapateiro Severino Amâncio Oliveira (natural de Campo de Santana - Nísia Floresta) e a dona de casa, Alice Alves de Oliveira (natural de Nova Cruz).

Infância e adolescência

Cursou todo o ensino Primário, em sua terra natal. Sendo que o 1º e 2º ano, estudou numa escolinha particular, com a professora dona Josefa Gonçalves, conhecida por "Zefa de Mun". As séries restantes, ou seja, do 3º ao 5º ano, estudou no Grupo Escolar "Alberto Maranhão", localizada no centro da cidade de Nova Cruz.

 Tradicional escola pública de Nova Cruz - Grupo Escolar Alberto Maranhão  Foto: Eduardo Vasconcelos

Na escolinha da professora Zefa de Mun havia uma mesa grande, bancos de madeira, onde os alunos se acomodavam, lado a lado, diante do quadro negro. Os alunos levavam para as aulas, um caderno, lápis grafite, borracha e a Cartilha do ABC ('Cartilha Ensino Rápido"), de Mariano de Oliveira e Ilustração de Gioconda Uliana Campos, da editora Melhoramentos.

Segundo dona Terezinha, "A professora, através de aulas expositivas e assistência a cada aluno, de maneira individual, dava ênfase ao processo de alfabetização (ler e escrever), além de ensinar a Tabuada (as quatro operações).

"Dona Zefa, ensinava as boas condutas; a prática do catecismo (que era desenvolvido nos finais de semana); dicas sobre higiene - tomar banho, escovar os dentes, usar roupas limpas, cabelos e unhas cortados, etc. Nessa questão de higiene pessoal, era muito rigorosa. Pedia, inclusive, que abrissem a boca, para ver os dentes e olhava a cabeça para ver se tinha piolhos", enfatiza dona Terezinha.

Uma lembrança que faz questão de comentar é sobre "a metodologia empregada. Através das cartilhas focava o ensinamento na aprendizagem da leitura e da escrita, através do método silábico. A professora colocava os alunos em círculo e pedia a um aluno que soletrasse as palavras. Caso essas fossem soletradas de forma errada, o coleguinha, sentado ao lado, aplicava-lhe um "bolo" , na mão, com força, utilizando a palmatória".

"Outros motivos, como: mal comportamento, falta de higiene, erros de tabuada, deveres incompletos... resultavam em diferentes castigos, por exemplo: não sair da sala de aula para o recreio, permanecer na escola fazendo atividade extras, permanecer toda a aula, em pé de frente para o quadro negro, etc", lembra dona Terezinha.

Em 1949, com 17 anos de idade, dona Terezinha concluiu o curso Primário, no Grupo Escolar "Alberto Maranhão", escola que representava um modelo cultural moderno de organização da Instrução Pública Primária.

"Podemos pontuar alguns avanços em relação à escola particular. As mesas e bancos, deram lugar a birôs e carteiras de assentos duplo. Havia campainha, murais para avisos e os castigos eram mais moderados. O conteúdo era: Língua Portuguesa, Matemática, Estudos Sociais, Ciências e Ensino Religioso.

No dia da conclusão do curso Primário, em 25 de novembro de 1951, foi um momento de muita felicidade e emoção, principalmente por ter sido laureada em primeiro lugar da turma. "Nesse dia, os meninos vestiam paletó branco com gravata e as meninas, vestido branco.

A professora Terezinha Maciel fez um belo discurso, seguido dos alunos que falavam sobre a trajetória do curso e suas aspirações, no futuro", relembra dona Terezinha.

Uma das frustrações de sua vida, ocorreu no ano seguinte. Fez o Curso de Admissão para estudar no Ginásio Normal. Mesmo sendo aprovada, não frequentou a escola, por falta de recursos para custear as despesas do curso. Ficou triste e foi em busca de um emprego, para poder bancar suas próprias despesas.

No dia 5 de maio de 1956, casou-se com Francisco de Assis Ferreira e dessa união nasceram: Ademir, Edmilson, Hamilton, Tânia, Almir e air, que multiplicaram com os netos e bisnetos

Com o marido Francisco de Assis Ferreira ('Assis sapateiro')

Em 1958, dois anos após o casamento, o casal veio residir em São José de Mipibu, onde recebeu convite da diretora do Ginásio Estadual de São José de Mipibu (hoje, Escola Estadual Professor Francisco Barbosa), profª Juraci Bakker, para continuar com seus estudos. Em 1975, fez o Curso Pedagógico, no Colégio Estadual do Atheneu, em Natal.

Fez Vestibular na UFRN, em 1979, sendo aprovada no curso de História. Porém, não era esse curso que queria. No ano seguinte fez vestibular e foi aprovada no curso de Pedagogia. "Ser professora era um sonho meu e de meu pai", comenta Terezinha.

Formou-se em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, no ano de 1983. Já graduada, foi vice-diretora de 1º e 2º Grau, nas Escolas Estadual Profº Francisco Barbosa e Barão de Mipibu, em São José de Mipibu. Também foi designada para a direção da Escola Estadual Rafael Garcia, no Bairro Novo, tendo desenvolvido um bom trabalho educativo, com ênfase à ação administrativa.

Centro Municipal de Educação Infantil - CMEI “Professora Terezinha Alves Ferreira”, no Bairro Novo

Atualmente, com 92 anos de idade, dona Terezinha enfrenta problemas de saúde por conta da idade. Deixou São José de Mipibu e está residindo em Natal, mais próximo dos filhos, que lhe dão apoio.

DEPOIMENTOS

# “O professor medíocre conta. O bom professor explica. O professor superior demonstra. O grande professor inspira (Autor: William Arthur Ward). Professora Terezinha, a senhora foi e é uma grande professora, pois inspirou e continua a inspirar várias pessoas por onde a senhora tem passado. Não fui sua aluna, mas gostaria muito que a senhora um dia tivesse me ensinado". Jacieli Estevão

# "Após uma brilhante carreira, em 1996, Terezinha Alves se aposenta do serviço público. Por tudo isso e pelo legado de sua competência, responsabilidade e coerência com a profissão que escolheu, merece o nosso respeito, admiração e aplauso". Professora e pesquisadora, Lúcia Amaral

#"Exemplo de mãe, esposa e superação. A professora Terezinha estudou, acreditou e nos mostrou que tudo podemos quando queremos... foi uma professora que fez a diferença para a Educação em São José de Mipibu. Terezinha é uma grande amiga, uma mulher de fibra". Professora Maeve Peixoto

#"Fiquei feliz por saber que será escrita a história de vida da minha querida professora. Foi com a Professora Terezinha que  rompi meu medo da  temível Matemática. Ela me ensinou com amor as raízes quadradas e as não tão quadradas assim do mundo dos números. Dona Terezinha usava a mais eficiente das técnicas e metodologia. Ensinava com amor, respeito e convicção da capacidade de aprendizagem dos seus alunos. Lembro de uma historinha marcante que vivemos: Final de ano eu estava angustiada sabendo que não iria bem na prova de Matemática sobre raiz quadrada. Fiquei em recuperação. Ela com toda gentileza, mas firme, me disse: "- você só irá passar de ano se tirar 10 na prova".  Chorei, relutei, mas acabei estudando muito. Tirei 10. Imagine tirar 10 em Matemática, com a professora Terezinha, era ganhar o prêmio Nobel. E ainda me intimou a dar aulas para os colegas que não conseguiram alcançar nota para passar de ano. E claro, ajudei meus colegas a desvendar as complicadas raízes dos números abstratos e suas relações. Foi gratificante. Eterna gratidão. Tenho carinho, respeito e muitas saudades da minha querida professora Terezinha. Parabéns por se predispor a escrever a história de uma professora nota10- Professora e Escritora Vanda Franco

#"Dona Terezinha para mim sempre foi uma referência maternal, pela forma como nos tratávamos. Em um primeiro momento, eu como estudante, em seguida, como colega de trabalho por alguns aprazíveis anos. Tenho muito carinho por ela. Que Deus a conserve sempre maravilhosa, com saúde e paz!!!!" - João Maria Freire - Professor e Jornalista

#"Minha professora de Matemática do Ensino Fundamental e de reforço. Sempre muito prestativa e orgulhosa dos seus ex-alunos" - Aparecida Santos - Professora.

Na inauguração do CMEI no Bairro Novo, com seu nome, na foto com o ex-prefeito Janilson Ferreira (in memoriam), dona Terezinha, prefeita Norma Ferreira e vice-prefeito Sr. Arízio Fernandes

        


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