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maio 5, 2024

A Casa de Pedra, em Pium (Nísia Floresta) um histórico monumento colonial brasileiro

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior A Casa de Pedra está situada em Pium, em Nísia Floresta/RN.

Autor(a): Nélio Silveira Dias Júnior

A Casa de Pedra está situada em Pium, em Nísia Floresta/RN. Foi construída de alvenaria: pedra e cal no século XVI pelos franceses, cuja firmeza e durabilidade são impressionantes e inquestionáveis, já que, até hoje, parte dela ainda resiste.

Aqui, logo depois da colonização pelos portugueses, os franceses aportaram no litoral potiguar (1535), ignorando o Tratado de Tordesilhas, para contrabandear pau-brasil, tendo sido expulsos do território em 1598, dando-se início a construção do Forte dos Reis Magos, para maior proteção de Natal, deixando nessas terras algumas construções.

A Casa de Pedra de Pium, também denominada de Casa Forte, teria sido construída por volta de 1570, por iniciativa dos franceses, em pleno ciclo econômico do pau-brasil. A edificação teria sido feita para servir de aquartelamento e armazenamento de mercadoria (penas de avestruz, âmbar, algodão, peles, pimenta, aves, essências, pedras preciosas etc). O pau-brasil ficava armazenado em galpões, no pátio externo daquela casa de pedra (Luiz Carlos Freire).

Essa Casa de Pedra, como registrou o membro do IHGRN, Prof. Carlos Roberto de Miranda Gomes, pertencia ao francês João Lostão Navarro que a transformou em depósito de mercadorias, conforme a Carta de data nº 15, de 1/3/1601, concedida por João Rodrigues Colaço, acrescentada a outras sesmarias que ele já possuía, onde teve morada de 1603 a 1645 (TN, 10/1/2021).

E acrescentou, ainda, o Prof. Carlos Gomes, que essa casa, também, foi utilizada como forte, onde Lostão dava proteção aos cristãos perseguidos por Jacob Rabbi, tendo sido em decorrência disso preso na Fortaleza dos Reis Magos e de lá levado para Uruaçu, onde foi trucidado juntamente com outros cristãos católicos, sendo declarado mártir da Igreja (TN, 10/1/2021), canonizado em 15/10/2017, pelo Santo Padre, o Papa Francisco.

Nessa ocasião, revelou Anderson Tavares de Lyra que Jacob Rabbi, em setembro de 1645, com uma pequena força de Tapuias, brasilianos e mais 30 civis holandeses, ocuparam o Sítio de Lostão, onde assassinaram 15 ou 16 portugueses. (historia&genealogia.com.br)

Na época, o Estado estava sob o domínio holandês. Os holandeses aqui invadiram, em 1633, tomando o Forte dos Reis Magos, passando a chamá-lo de Castelo de Ceulen (Kasteel Keulen), e dominando a cidade de Natal, batizada de “Nova Amsterdã”. Os holandeses foram expulsos do Rio Grande do Norte, em 1654, depois de 21 anos de domínio.

A Casa de Pedra, apesar de não ter relevância arquitetônica, representa um marco das construções sólidas em solo brasileiro nas primeiras décadas do seu descobrimento (Luiz Carlos Freire).

Esse prédio, totalmente em ruína, não só é um monumento de grande valor histórico, como também é um início da construção civil no Rio Grande do Norte, dando ao Estado o pioneirismo no seguimento, de modo que o Poder Público deveria tomar providências administrativas para restaurar e preservá-lo, respeitando a propriedade privada, para conceder ao potiguar a oportunidade de visitação.

A iniciativa privada e a sociedade civil organizada podem entrar na discussão e com ela colaborarem.

A memória do Rio Grande do Norte não pode se apagar nem sucumbir na falta de sensibilidade histórico-cultural.

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