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maio 5, 2024

A casa de minha avó tinha cheiro de chuva

JEANNE ARAÚJO – Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA Sempre que chove eu lembro de minha avó materna e de sua casinha com chão de barro batido.

JEANNE ARAÚJO - Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA

Sempre que chove eu lembro de minha avó materna e de sua casinha com chão de barro batido. Vovó sempre morou nas casas de outras pessoas. Para pagar o aluguel, ela costurava para a família proprietária. Meu vô era pedreiro, dos bons. Eles eram um casal simples e tinham um sonho de ter o seu próprio cantinho.

Um dia, papai adquiriu um pequeno terreno e disse a vovô que construísse sua casinha, seu sonho. E assim ele fez. Era uma casa  pequena, mas continha todo amor do mundo lá dentro. Os móveis de vovó eram uma mesa com tamboretes, uma cristaleira e a máquina de costura. O chão era de barro e, para varrer, vovó aspergia água para a poeira não subir. Então subia pelo ar um cheiro de terra molhada que me acompanha até hoje.

Foto ilustrativa

Cheiros são memórias poderosíssimas. Em dias de chuva, quando as águas lavam o chão, a imagem de vovó varrendo a casa, a memória de minha infância chega e ocupa os espaços do meu lar. A casa de minha avó tinha cheiro de chuva!

Foto: Museu Casa de Taipa

Uma resposta para “A casa de minha avó tinha cheiro de chuva”

  1. Elza Maria Freire disse:

    Belíssima crônica, Jeanne Araújo! Nela estão o seu coração e a sua alma de criança! Você escreve lindamente! Parabéns!