A casa de minha avó tinha cheiro de chuva
JEANNE ARAÚJO – Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA Sempre que chove eu lembro de minha avó materna e de sua casinha com chão de barro batido.
JEANNE ARAÚJO - Professora e Membro na empresa da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA
Sempre que chove eu lembro de minha avó materna e de sua casinha com chão de barro batido. Vovó sempre morou nas casas de outras pessoas. Para pagar o aluguel, ela costurava para a família proprietária. Meu vô era pedreiro, dos bons. Eles eram um casal simples e tinham um sonho de ter o seu próprio cantinho.
Um dia, papai adquiriu um pequeno terreno e disse a vovô que construísse sua casinha, seu sonho. E assim ele fez. Era uma casa pequena, mas continha todo amor do mundo lá dentro. Os móveis de vovó eram uma mesa com tamboretes, uma cristaleira e a máquina de costura. O chão era de barro e, para varrer, vovó aspergia água para a poeira não subir. Então subia pelo ar um cheiro de terra molhada que me acompanha até hoje.
Cheiros são memórias poderosíssimas. Em dias de chuva, quando as águas lavam o chão, a imagem de vovó varrendo a casa, a memória de minha infância chega e ocupa os espaços do meu lar. A casa de minha avó tinha cheiro de chuva!
Foto: Museu Casa de Taipa
Belíssima crônica, Jeanne Araújo! Nela estão o seu coração e a sua alma de criança! Você escreve lindamente! Parabéns!