Fumo na gravidez: conheça os riscos para saúde da mãe e bebê

agosto 30, 2024

Dados apontam que 15% das mortes por uso de tabaco são de fumantes passivos, ou seja, pessoas expostas rotineiramente à fumaça Mais de oito milhões de pessoas morrem no mundo todos os anos em decorrência de doenças provocadas pelo uso do fumo.

Dados apontam que 15% das mortes por uso de tabaco são de fumantes passivos, ou seja, pessoas expostas rotineiramente à fumaça

Mais de oito milhões de pessoas morrem no mundo todos os anos em decorrência de doenças provocadas pelo uso do fumo. Traduzindo esse dado da Organização Mundial da Saúde (OMS), ele equivale à população de um país do porte do Paraguai. No Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto, especialista da Maternidade Escola Januário Cicco (MEJC-UFRN), vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), reforça a importância de evitar essa droga no período gestacional.

O tabagismo é causa de uma série de doenças com malefícios físicos e psíquicos e prejuízos aos sistemas de saúde mundo afora, sendo responsável pela grande maioria de mortes em casos de câncer de pulmão, infarto e derrames cerebrais. O fumo é o maior causador de mortes evitáveis do planeta.

Danos a quem não fuma e até a quem ainda nem nasceu

O fumo prejudica não só o seu usuário, mas quem está ao redor (15% das mortes por uso de tabaco são de fumantes passivos, as pessoas expostas rotineiramente à fumaça). O cigarro prejudica até quem ainda não nasceu. Os impactos do tabagismo na gestação são graves e podem provocar a prematuridade, o abortamento e a morte súbita infantil, além de repercussões graves ao longo de toda a vida, como malformações congênitas e alterações neurológicas, que provocam danos ao desenvolvimento cognitivo e psicomotor da criança.

“A nicotina reduz a quantidade de sangue que chega à placenta e assim pode levar a um desenvolvimento prejudicado de todos os órgãos, levando o feto a uma restrição de crescimento, que é especialmente importante no subdesenvolvimento do cérebro, o que no futuro pode levar a deficiência na aprendizagem”, explica a Ginecologista da MEJC, Maria da Guia de Medeiros Garcia. Ela ressaltou que o fumo pode causar o baixo peso do bebê ao nascer; prematuridade, gravidez tubária; deslocamento prematuro da placenta; deficiências no coração, cérebro e face.

“A nicotina passa rapidamente para o leite materno, e atinge concentrações que podem ser até mesmo mais altas do que as concentrações no sangue da mãe, e está associada à redução na produção e às mudanças na composição e sabor do leite materno. As crianças cujas mães fumam, podem apresentar maior desatenção no aprendizado. Ainda pode levar ao bebê não ter sono reparador, alergias e dificuldades na respiração”, explica Maria da Guia.

A profissional ainda enfatiza que as complicações do tabagismo para a saúde da gestante são as mesmas para a população geral, como o desencadeamento de doenças cardiovasculares, câncer de mama e de pulmão e doenças respiratórias.

Riscos ao inalar a fumaça e influência na fertilidade

A ginecologista, Maria da Guia, alerta sobre os riscos da fumaça do cigarro para o bebê. “Ninguém deve fumar ao redor do bebê. Quem está por perto apenas inalando a fumaça do ambiente também compartilha dos riscos de desenvolver doenças relacionadas ao tabagismo, incluindo câncer de pulmão e problemas cardiovasculares”.

De acordo com a profissional, o cigarro também pode ter influência para a infertilidade, ao possuir substâncias e componente como a nicotina, o alcatrão e o monóxido de carbono, que afetam diretamente o aparelho reprodutor, tanto de homens como de mulheres. “Essas substâncias tóxicas causam oxidação nos óvulos, o que resulta em uma diminuição drástica da sua quantidade e qualidade”, explica Maria da Guia.

“É um desafio parar de fumar, mesmo na grávida. É preciso muita conscientização, exercícios físicos leves, como caminhada e hidroginástica, alimentação saudável, e aconselhamento médico também é outra importante estratégia. Esclarecer os malefícios que traz para o bebê”, destaca a profissional.

Tratamento gratuito para a dependência química do fumo

Disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento contra o tabagismo, a doença crônica causada pela dependência à nicotina, é gratuito. Esse cuidado ao dependente envolve uma equipe multiprofissional, composta por médicos e psicólogos, e uso de medicamentos.

Segundo a OMS, não existe um nível seguro de consumo de tabaco e todas as formas de uso são prejudicais, incluindo o cigarro eletrônico e o narguilé, por exemplo. A entidade incentiva os países a promoverem um alto controle do tabagismo com campanhas de conscientização, de monitoramento, de proteção às pessoas da fumaça, de ajuda para quem quer parar, de proibição de publicidade e patrocínio e de medidas para aumentar os impostos sobre o tabaco. O Brasil é um dos poucos países a atingir esse nível de controle e combate ao fumo, sendo um modelo nesse campo.

Legislação

O tema está em alta. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado pautou para o próximo dia 3 de setembro um projeto de regulamentação dos cigarros eletrônicos no Brasil, sugerindo regras, como a venda para menores de 18 anos e proibição da oferta com visual e sabores atrativos ao paladar infantil. Oitenta entidades médicas e de pesquisa científica já se posicionaram contrárias e enviaram carta aos parlamentares pedindo a rejeição do projeto, no último dia 19 de agosto.

A comercialização, importação e propaganda de todos os tipos de dispositivos eletrônicos para fumar são proibidas no Brasil desde 2009. Em abril passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), após novas análise científica, decidiu manter o veto a esses dispositivos.

Sobre a Rede Ebserh

A MEJC-UFRN faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação

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