Loucura de Amor

junho 4, 2023

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Um dos filmes exibidos pela NetFlix vem despertando o interesse do público, devido à sua história inusitada.

Nadja Lira - Jornalista • Pedagoga • Filósofa

Um dos filmes exibidos pela NetFlix vem despertando o interesse do público, devido à sua história inusitada.

Um grupo de amigos sai para uma noitada e o mais exibido do grupo faz uma aposta com os amigos. Ele se acha irresistível e afirma que as moças cairão facilmente na sua conversa de conquistador, de modo que ele não ficará sozinho por muito tempo durante aquela noite. Mas, o feitiço vira contra o feiticeiro e ele acaba apaixonado por uma garota misteriosa.

Eles vivem uma inesquecível noite de amor, mas em seguida o grande conquistador descobre que sua amada vive internada em uma clínica psiquiátrica. Desesperado para não perder o amor de sua vida, o rapaz decide se internar na instituição para viver o amor que a moça despertou nele. O filme vem ganhando bons comentários da crítica especializada por seu enredo fugir completamente dos roteiros melosos, que fazem parte das comédias românticas.

Este tema não é novidade no mundo cinematográfico, uma vez que vários filmes apostam em histórias de amor para prender a atenção do público. Dentre estes podemos destacar Diário de uma paixão, Amor além da vida, E se fosse verdade, Como se fosse a primeira vez, e muitos outros que podem levar o público às lágrimas. O meu preferido, porém, é Cidade dos Anjos, o qual já assisti mais de cinco vezes, mas não consigo reter as lágrimas, mesmo conhecendo profundamente a história e seu trágico final.

Mas, fazer loucuras de amor não é mérito de personagens cinematográficos. A vida real também está recheada de apaixonados capazes de fazer as mais absurdas loucuras em nome do amor que sentem e o mais curioso é que as loucuras praticadas em nome do amor, não faz os apaixonados se sentirem ridículos.

Lembro-me de que há alguns anos eu trabalhava na redação de um jornal e um dos meus colegas enlouqueceu depois de levar um fora da namorada, no dia em que ele ia pedi-la em casamento. O rapaz chegou à redação muito alegre mostrando a todos o anel que havia comprado para entregar à namorada.

Antes de encerrar seu turno de trabalho, a moça ligou desmanchando o namoro sem que ele tivesse tempo de mostrar o anel que havia comprado. O pior: nem teve a decência de terminar o romance olhando para o rapaz. Ele, profundamente triste e decepcionado não resistiu à dureza do término e acabou internado em um hospital psiquiátrico, onde ficou por muitos anos.

Ao longo da minha vida fui testemunha ocular de várias loucuras de amor. Uma delas ocorreu quando eu ensinava em uma escola, na Zona Norte de Natal. Uma colega de trabalho vivia um romance bastante tumultuado, no qual colocava um ponto final quase toda semana. Era uma história muito esquisita porque o casal, embora jurando amor eterno, não se entendia e vivia brigando.

Certo dia, enquanto estávamos fazendo um planejamento semanal, parou em frente à escola, um carro de mensagens tocando músicas que falam de grandes e sofridos amores. De repente, o namorado da minha colega pegou o microfone e fez uma declaração de amor tão bonita e tão apaixonada, que emocionou não apenas à parte interessada, mas a todos que a ouviram. Depois, entrou na escola com um ramalhete de flores e uma caixinha contendo duas alianças. Ajoelhou-se diante dela e a pediu em casamento. Foi uma cena piegas, mas bonita. Eles casaram dois meses depois e tiveram três filhos lindos. Graças ao cupido, eles conseguiram se acertar e levam uma vida feliz. Pelo menos é o que todos pensam.

Eu também já fiz a minha loucura de amor. Anos atrás, profundamente apaixonada, publiquei durante uma semana, uma poesia em um jornal de grande circulação, no estado da Paraíba, dedicada a um rapaz por quem nutria um grande amor.  A poesia fez grande sucesso entre o povo paraibano, o qual se solidarizou comigo passando a me enviar mensagens de parabéns e de otimismo.

O editor do jornal valeu-se da minha poesia para mostrar aos leitores, a importância de se utilizar as páginas de um jornal para as mais variadas publicações. Também escreveu um editorial enaltecendo a coragem de uma jovem apaixonada e a beleza da poesia.

Percebi, por fim, que a minha poesia expressando o profundo amor que sentia naquele momento, tocou a sensibilidade de todos que a leram. Menos ao ser a qual ela se destinava. Para a minha grande decepção, ele se revelou um ser frio, cruel, completamente desprovido de qualquer sentimento em relação a mim.

Amarguei minha tristeza por um longo período, até me dar conta de que o melhor amor do mundo é o amor-próprio. Hoje relembro esta história pensando que ninguém está livre de cometer uma loucura de amor. Afinal, o amor nunca deixará de ser um tirano dos deuses e dos homens.

Uma resposta para “Loucura de Amor”

  1. Carlos Antonio Soares da Silva disse:

    👏👏👏👏👏👏👏👏👏