Qual espelho nos miramos?
Vanda Franco Silva – Professora e Escritora É quase automático fazer uma retrospectiva dos acontecimentos, fatos e experiências vividas num ano que termina.

Vanda Franco Silva - Professora e Escritora
É quase automático fazer uma retrospectiva dos acontecimentos, fatos e experiências vividas num ano que termina. É um ciclo de doze meses que concluímos e sentimos uma necessidade quase que, imperiosa, de responder a pergunta que a cantora Simone nos faz na música clássica, "Então é Natal", um ano novo que vem, e o que você fez?
O que fizemos durante os meses que se concluíram? Quais objetivos, metas, desejos, mudanças, sonhos, perspectivas, realizações, conseguimos experimentar?
Qual espelho miramos e que diálogo travamos conosco? Quais emoções foram sentidas e quais sensações foram "controladas" , compreendidas e quais as fugidias que evitamos olhar no nosso espelho por medos, inseguranças, disfarçatez ou ignorância?
Que aprendizados, que leitura, que registro fizemos no ano de 2022? O que iremos amassar e jogar na lata do lixo e o que pretendemos reescrever neste ano de 2023?

O que será transcendido? mudado de visão? Ou depois dos estampidos dos shows pirotécnicos a vida voltará a rotina e mais um ano que se inicia? Apenas? Que espelho nos olhamos?
São perguntas que geralmente fazemos , ou devíamos, fazer sempre que um ciclo de tempo se completa. Assim, teríamos a sensação de ter um autocontrole de nossas emoções e desligarmos um pouco o automático que o cotidiano nos impõe e nos arrasta feito rolo compressor sem nos permitir olhar para dentro de nós mesmos e buscar o que nos faz sentido.

O que priorizar, Como conviver com um mundo que nos passa a impressão que estamos retornando para a caverna, agora, virtual, que nos ofusca e não nos permite enxergar a luz do nosso espelho para entender o essencial para viver de forma simples, confortável, desacelerado, firme, sob o domínio de si e da vida.
Priorizando o afeto, o bem-estar, a família, amigos, trabalho, estudo, pesquisa, lazer, solidariedade, convivência social, a tolerância e a certeza de sermos todos moradores do mesmo planeta, respirando o mesmo ar, a mesma natureza e a mesma atmosfera.
Será que somos capazes de rebobinar o ano que termina e refletir sobre nossas atitudes diante da vida? Que no último dia do ano, sejamos capazes de mirar nosso espelho da alma.
OBS. Texto publicado em 31 de dezembro de 2022