Verão de uma andorinha só

dezembro 11, 2022

Domicio Arruda – Médico urologista e cronista Com reportagens sem cinegrafistas, trocados por paus de selfie, conduzidas por  repórteres desconhecidos e descartáveis, já estamos nos acostumando.

Domicio Arruda - Médico urologista e cronista

Com reportagens sem cinegrafistas, trocados por paus de selfie, conduzidas por  repórteres desconhecidos e descartáveis, já estamos nos acostumando.

Ainda não se pode avaliar os resultados do método que abunda nas TVs, mas profissionais de outras áreas precisam ligar o pisca, e o sinal de alerta.

Diferente dos cobradores de ônibus e bombeiros de postos de combustíveis – que já não são encontrados em vários países – substituídos por tecnologia, os cameramen e women não tiveram ajuda dos legisladores.

Ninguém propôs lei que preserve empregos, proibindo a reportagem televisiva do eu sozinho.

Se a moda pega, vai revolucionar também a atividade médica.

Atendentes e secretárias de consultórios acabam de vez.

Consultas já são marcadas pelo WhatsApp e pacientes da vez são chamados pelo painel eletrônico.

Com aviso sonoro na voz clonada de Ísis Lettieri que poderá também ter o módulo de justificativa para os atrasos dos médicos.

De dez em dez minutos, a gravação avisará que o doutor está retido  numa emergência no hospital, e que logo iniciará os atendimentos.

Por ordem de chegada.

Os cirurgiões terão que fazer suas operações sem o auxílio de instrumentadores.

O hospital disponibilizará o material.
É só pegar e usar, sem intermediários.

Enquanto não chegam os aparelhos que dão laudo, será o próprio radiologista que pedirá ao paciente para prender a respiração.

E apertará o botão.

Nos laboratórios, com equipamentos que analisam o sangue sem punções e furadas, os técnicos ficam sem utilidade.

É  tanta novidade por vir, nesta longa pandemia, que  não se espantem se provocarem mudanças climáticas radicais.

Os verões serão feitos por uma única andorinha.

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