UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa Dentre os vários aprendizados conquistados durante o isolamento ao qual temos sido obrigados a vivenciar, graças à Pandemia causada pelo Vírus Chinês, eu posso destacar mais um: a de que uma desgraça nunca vem só.
Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa
Dentre os vários aprendizados conquistados durante o isolamento ao qual temos sido obrigados a vivenciar, graças à Pandemia causada pelo Vírus Chinês, eu posso destacar mais um: a de que uma desgraça nunca vem só. Aliada ao medo de ser mais uma vítima para aumentar o número na estatística dos mortos pela Covid-19, eu ainda venho desenvolvendo uma série de mazelas, tudo em nome de um mal provocado pelos mau caratististas juramentados, que sonham em dominar o mundo.
Posso dizer que, dadas as circunstâncias, o início do isolamento ocorreu de forma tranquila, porque jamais imaginei que essa desgraça fosse se estender por tanto tempo. E eu, acostumada à uma rotina que se iniciava às 5h da manhã e se estendia até meia noite, me vi, de repente, privada de realizar tudo aquilo que fazia costumeiramente.
Assim, passei a dormir mais tarde, porque não tenho sono na hora habitual e passei também a perder a hora de acordar, uma vez que só consigo dormir na hora em que deveria estar trabalhando. Logo, também passei a tomar café no horário do almoço e o almoço passou a ser feito na hora do jantar. Acabei atrapalhada com o relógio e perdendo a hora de tudo. O lado bom é que reduzi a quantidade de alimentos ingerida por dia.
Por outro lado, percebo que ando desanimada, sem vontade de realizar as atividades que outrora me davam prazer. Emociono-me com mais facilidade e frequência e assim, choro por qualquer razão. O choro vem fácil de modo que posso chorar até mesmo assistindo ao jornal na TV.
Também percebo que meu cabelo está caindo aos montes e se continuar nesse ritmo, corro um sério risco de ficar careca. Além disso, eu que me esmero na prática da paciência, estou perdendo-a com muita facilidade. E encontrá-la dá trabalho.
A insônia cresceu e de nada adiantou tomar chá de erva cidreira, capim santo, camomila, erva doce e assemelhados. Contar carneiros também não surtiu efeito, assim como trocar a cama por uma rede e ficar um longo tempo me balançando e esperando o sono chegar, não adiantou nada.
A situação ficou difícil demais e acabou por se transformar em assunto a ser resolvido pela medicina, de modo que, para conseguir dormir, tenho que recorrer a medicamentos. Ainda bem que o médico não me recomendou tomar Rivotril, Diazepam, Dolantina, ou outros da mesma família. Isto significa que a questão não é assim tão preocupante.
Como se não bastassem todas essas mazelas, ainda tem coisa pior: estou desenvolvendo bruxismo o que muito me preocupa, porque posso acabar perdendo os dentes. Como resultado, acordo com dor de cabeça, cansaço, e sem contar com o inchaço no rosto e o desgaste nos dentes.
Porém, o que mais tem me incomodado, é o fato de que várias pessoas têm feito comentários sobre a minha cor: Vários amigos que tenho encontrado na fila do supermercado, tem comentado que estou ficando branca. Queda de cabelo e insônia são suportáveis. Agora, desbotar por causa de uma maldita Pandemia é um pouco demais. Perder a minha cor característica, morena cor de jambo, ou morena da cor do pecado, o que sempre foi razão de orgulho para mim, é uma lástima. Chega a ser uma ofensa.
O bruxismo, de acordo com os médicos, é motivado por situações de estresse, ansiedade profunda ou tensão. Ou seja, tudo o que está sendo vivenciado por todos nós, durante esta Pandemia provocada pelo Vírus da china. No meu caso a tensão tem aumentado porque corro o risco de ficar careca, banguela e desbotada.
Apesar de todos os meus cuidados com a saúde, acabei sendo vítima da Covid-19, que embora numa versão mais fraca, acabou por me deixar na cama por um período longo demais. De quebra ainda fui contemplada com uma dengue, que quase me leva para a "Cidade de Pés Juntos", visto que minhas plaquetas baixaram demais me deixando em repouso forçado por mais de 20 dias.
Portanto, está mais do que certo o ditado, cuja afirmação é a de que uma desgraça nunca vem só. E no caso desse Vírus do Inferno, ele parece que vem acompanhado pelo Cavalo do Cão.
É, faz sentido. Não podes estar bem, assim vivendo. O avanço da idade nos prepara para sua plenitude, a lucidez da idade madura.